30 de setembro de 2010

Meus votos

Dep. Estadual:

Roberto Felício (PT), número 13 400

Motivo: É o candidato do PT de Piracicaba. Não acompanho sua carreira, não sei de qual linha do PT ele é, mas fico com ele por ser de Piracicaba.

Dep Federal:

Protógenes Queiroz (PC do B) número 65 88

Prendeu Daniel Dantas e foi esculachado pela mídia. Maior inversão de valores da história recente do país. Foi esperto, filiou-se num partidão da base de Lula, quando poderia tê-lo culpado. Sabe o que a mídia ruim pode fazer com seus inimigos.

Depois de Dilma, é o que voto com mais prazer.

Senadores:

Marta e Netinho (PT e PC do B) números 133 e 650 (escolheram esses números só pra complicar a chapa? Não podia ser 133 e 655, ou 130 e 650?)

Candidatos da coligação que apóia Dilma e muito melhores que as alternativas (Tuma e o fulano do psdb)

Governador:

Mercadante (PT), número 13

Última das minhas escolhas. Estava em dúvida entre ele e Paulo Skaf (PSB, número 40), mas não gostei de Skaf no debate.


Presidente:, mas deveria ser presidenta:

Dilma (PT), número 13



Minha "cola"

Dep. Estadual 13 400

Dep. Federal 65 88

Senador 133

Senador 650

Governador 13

Presidente 13

29 de setembro de 2010

Sobre os boatos

24 de setembro de 2010

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

Por Leonardo Boff, na Adital, via Vermelho

23 de setembro de 2010

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais”, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo -Jeca Tatu-; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e para “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

O fantasma da UDN

Argemiro Ferreira

na Carta Capital


"De como o PSDB acabou por ocupar, com extrema naturalidade, o papel que em outros tempos coube à direita golpista

No brasil, um Alzheimer singular, indiferente à idade, apaga a memória de políticos da oposição e do jornalismo a serviço deles. Em razão do fenômeno, uma geração menos jovem, resistente àquele mal, tenta, nem sempre com sucesso, devolver-lhes a memória recordando lições da história recente – como fez há dias o professor Fábio Wanderley Reis.
O desconforto desse cientista político, estudioso das posições tucanas, ficou claro. Repreendeu a pressa dos partidos de oposição e sua mídia, ao denunciar uma mexicanização no País. Eles veem o PT em duplo papel de vilão: além de ser um novo PRI, ainda persegue o modelo chavista. Lula e o PT são bem menos ambiciosos: optaram por vitórias limpas em duas eleições, governo com 80% de aprovação e o respeito internacional.

Antes o presidente amargou três der-rotas na oposição. Não tinha provado o gosto do poder. Mas, em vez de pregar um golpe, retomou a construção partidária com a força crescente dos militantes. Por que o PSDB, que governou em dois mandatos – de 1995 a 2002, graças a eleições vencidas no primeiro turno – está sem condições de recuperar a Presidência pelo voto, mesmo tendo trabalhado no projeto de “20 anos no poder?” E por que, se era parte da esquerda ao nascer, apresenta-se como a direita arrogante que execrava?

A origem da contradição vivida pelos tucanos pode ser o oportunismo da aliança profana em 1994 com o PFL – que já fora Arena e PDS, e agora virou DEM. Por mais que este mude o disfarce, fingindo-se liberal, social, democrático (o codinome atual, irônico, é “Democratas”), nunca deixará de ser o partido da ditadura, a direita escarrada.
Último rebento a se separar do PMDB de Ulysses, o PSDB saiu, como o PT de Lula, do ventre dos “autênticos” – única esquerda tolerada pelo regime, exatamente por ser parte do único partido da oposição legal. Para compensar as dores do parto, os tucanos vieram com plumagem europeia – social-democracia com acadêmicos e intelectuais em vez de sindicatos.

Tinha, sim, havido namoro entre a elite acadêmica politizada – ou, pelo menos, parte dela – e líderes sindicais que a princípio evitaram os partidos e só depois sonharam em criar o deles. Como parte do processo, FHC debateu com eles. Achava não ter chegado o momento de enfraquecer o PMDB, ainda a bandeira maior da oposição. Houve reuniões- em São Paulo. Ao fim de uma, em 1978, dirigentes sindicais foram levados por Lula a um comício de FHC, pressionado por ele a se candidatar ao Senado em sublegenda do PMDB. O que o tornaria suplente e, depois, senador – em 1983, quando Franco Montoro, eleito governador, deixou-lhe o mandato restante.

A razão ostensiva de outra reunião, num hotel de São Bernardo, em 1979, foi a discussão ampla – com meia centena de líderes sindicais, uns 70 intelectuais e mais de cem parlamentares – sobre a natureza de um partido dos trabalhadores. Circulou o documento “PT, Saudações”. Mas FHC influiu para a decisão ser adiada: achou estreita a ideia de partido “clas-sista”. Quando afinal o PT foi criado, em 1980 (com reconhecimento oficial no início de 1982), FHC optou por ficar no PMDB, com gente que considerava conservadora, como Montoro – o mesmo que, ironicamente, acabaria por deixar o partido em 1988, juntamente com ele, para fundar o PSDB.

Pelo menos até 1994, FHC parecia considerar-se de esquerda. O New York Times optou pelo rótulo “centro-direitista” (às vezes, “direitista”). Foi cor-rigido uma vez pela embaixada brasileira, que invocou sua militância anterior na esquerda. No National Press Club, de Washington, ele próprio chegou a citar, com orgulho, o trabalho de jornalista no semanário esquerdista Opinião. Quando FHC e o PSDB assumiram a virada à direita? O plano original pode ter sido outro: ampliar o partido e livrar-se da companhia incômoda do PFL-DEM. O PSDB cresceu, tornou-se o maior no Congresso, mas não o suficiente para dispensar o aliado. Ao contrário, precisou de mais penduricalhos – para aprovar obscenidades como a emenda da reeleição.

Um colunista encantou-se com autoflagelações divertidas de FHC. Como esta, num jantar: “Tenho de sair agora. Não posso me atrasar para a vaia que vou receber amanhã em Recife”. E esta confissão: “O FH que vocês conhecem é melhor que o presidente. O presidente tem cada aliado! Como cidadão sou mais seletivo nas minhas companhias”. Eram mesmo más companhias. Ele e o PSDB fizeram opções. Colados ao PFL, viraram à direita, à sombra da moeda, contaminaram-se. Incapazes de mudar o aliado, foram mudados por ele.

Na eleição de 1998, acusaram Lula e o PT de tramar a desvalorização do real. Uma correção, necessária, acabou adiada por razões eleitorais, o que envenenou o segundo mandato. Em 2002, ficou complicado. Ante o crescimento do rival, com José Serra já candidato, o PSDB- abraçou a tática do medo ao começar a especulação contra a moeda. Excedeu-se. Por razões puramente eleitorais, alimentou o fantasma de que Lula seria a catástrofe. Mas ocorreu o inverso: a derrota tucana acalmou os mercados e expôs a leviandade dos governistas.

O partido dos “20 anos no poder” descobriu então duas coisas: 1. Sem o controle do governo não ganha eleição (até com ele pode perder). 2. Aliado ao PFL-DEM, perde a identidade. A vitória de 1994 tinha sido menos de FHC, substituído por Rubens Ricupero (e depois Ciro Gomes) do que do presidente Itamar, que sem ele lançou e defendeu o real. A Ricupero, por obra e graça da antena parabólica, ficamos devendo a confissão explícita sobre o arsenal tucano de truques sujos: “O que é bom a gente mostra; o que é ruim a gente esconde”. Faltou um grão-tucano confessar (pela antena) mais truques, como a apropriação do real ou as assinaturas de FHC (já candidato e fora do governo) no dinheiro novo.

Restaria ao PSDB, finda a eleição, a busca de nova identidade. Qual seria ela? A vocação governista é sugerida nas três primeiras letras da sigla. O velho PSD ganhava eleição até com derrota de seu candidato – caso de Cristiano Machado em 1950, quando o partido aderiu a Vargas por baixo do pano e enriqueceu o vocabulário político com o verbo “cristianizar”. A presença de Aécio Neves, neto e herdeiro político de ilustre raposa pes-sedista (Tancredo, último ministro da Justiça de Vargas), reforçaria a tese, não fosse sua habilidade política tão rejeitada no PSDB. Mas a cadeira garantida no Senado e a possível reeleição do sucessor à frente do governo de Minas o deixam com cacife – se é que vale a pena ficar e mudar a imagem do partido.

Capaz de milagres, Tancredo Neves perdeu uma eleição em 1960 para o governo de Minas e no ano seguinte governou o Brasil como “premier” – graças à sua solução para a crise da renúncia de Jânio. No tabuleiro de xadrez dos anos 1980, deixou o PMDB e criou o PP. Voltou atrás depois e viu cair-lhe no colo a eleição indireta, com a derrota das Diretas de Ulysses. O estilo Aécio, oposto a um PSDB udeenizado e golpista, privilegiaria acordo e não confronto. O avô sempre teve a UDN como adversária. Sofreu ao lado de Vargas o assalto final dos golpistas sem votos. A aposta tucana, menos nas urnas do que no golpe apoiado no poder da mídia e na ilusão do tapetão judiciário, pode recomendar rumo diferente a Aécio.

Difamação, preconceito, arrogância e ódio são ameaças a qualquer partido político. A falta de votos alimenta golpismo, denuncismo e escandalização. A UDN das vestais, dos bacharéis e dos intelectuais, antecedeu os tucanos. E antes dela houve os derrotados da República Velha, inventores das cartas falsas de Artur Bernardes em 1922, inspiração da Brandi de Lacerda. O PT enfrentou, em 2006, a denúncia do dossiê, que só na semana passada o STF afinal mandou arquivar – por absoluta falta de provas, apesar de bancado na arti-culação midiática Globo-Veja-Folha-Estadão para forçar o segundo turno. O repeteco do denuncismo em 2010 vem da mesma mídia tucana, buscando igual efeito.

Sob o impacto da morte de Vargas, a UDN golpista perseguiu JK e Jango até o golpe de 1964. Coube a Afonso Arinos de Melo Franco reconhecer, anos depois, o horror de seu partido às reformas: “Por trás da luta pela legalidade e contra Getúlio, de que fui porta-voz, havia, também, a recusa do partido, militarista e conservador, em aceitar a fatalidade de certas mudanças”. As suces-sivas derrotas nas urnas empurram o PSDB para rota semelhante. Uma diferença sutil em relação ao passado é que as vivandeiras que antes frequentavam os quartéis, hoje momentaneamente imunizados pela memória da ditadura militar, passaram a buscar os aquários nas redações. Sempre em nome da “ética”, da revolta de 1922 ao golpismo de 2010.

Uma oficialidade militar jovem, os tenentes, marcou todo o período anterior à Revolução de 1930. Entre eles, Eduardo Gomes, um dos 18 do Forte em 1922, candidato derrotado da UDN à Presidência em 1945 e 1950. Houve causas nobres, mas não a daquela revolta de 22 – mera resposta à “ofensa” de Bernardes ao marechal Hermes – em cartas falsas. Para os tenentes, o fato de presidir o Clube Militar fazia de Hermes, um ex-presidente da República, comandante do Exército. Mas o marechal foi preso e o clube, fechado. Não se sabe de inquietação militar no atual ano eleitoral, mas o clube continua o mesmo. Metralha -e-mails raivosos com a palavra de oficiais da reserva nostálgicos da ditadura.

“Talvez se queira udeenizar de vez, tentar chamar os militares”, escreveu Fábio Wanderley Reis, numa provocação ao partido sem identidade, às vésperas de nova derrota. Ele acha “marchas da família” difíceis hoje. Além disso, não se fabricam Vernon Walters como antigamente. Nem Lincoln Gordons. No elenco golpista, ficaram os sem-voto de sempre – e a mídia com o sonho do tapetão."

20 de setembro de 2010

Toma RBS



Pra quem não sabe, RBS é a Filial da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Quer ver mais?

Essa porcaria passa na Hora do almoço!
Da pra acreditar?

15 de setembro de 2010

Fatos e versões, por Marcos Coimbra

Marcos Coimbra
Correio Braziliense - 15/09/2010

Nesse tipo de combate, não faz a menor diferença se algo é verdade ou não. Como é apenas uma guerra de versões, o que conta é falar alto

Nas eleições, como em tudo na vida, uma coisa são os fatos, outra as versões. E, nem sempre, aqueles são mais importantes. Na luta política, uma versão bem defendida vale mais que muitos fatos.

Uma vitória, por exemplo, pode ficar parecida a uma derrota, de tão diminuída e apequenada. Depende do que sobre ela se diz. Por maior e mais extraordinária que seja, os derrotados podem se vingar, ganhando a batalha das versões. Os vitoriosos, em vez de comemorar e receber elogios, ficam na posição de se explicar, se defender. Os perdedores lhes roubam a cena.

Neste fim de campanha eleitoral, à medida que nos aproximamos da data da eleição, a perspectiva de uma vitória de Dilma por larga margem só tem aumentado. Ao que tudo indica, ela vai conseguir o que Lula não conseguiu em nenhuma das eleições que disputou: ganhar no primeiro turno. A crer nos números das pesquisas, ela está prestes a alcançar, já em 3 de outubro, a votação que ele obteve apenas no segundo turno de 2006, quando chegou a 60% dos votos válidos. Não é nada, não é nada, Dilma tem tudo para se tornar, daqui a três semanas, a pessoa mais votada de nossa história.

Enquanto a eleição real avança, a guerra de narrativas sobre seu provável resultado está em curso. De um lado, a que é formulada pelas forças políticas e as correntes de opinião que não conseguiram apoio na sociedade para levar seu candidato à vitória. Do outro, a dos vencedores.

Paradoxalmente, são os prováveis derrotados na batalha eleitoral real que estão em vantagem na briga das versões. Vão perder, ao que parece, na contagem dos votos, mas têm, pelo menos por enquanto, o consolo de fazer que sua interpretação prevaleça.

É o oposto daquilo que o professor Edgar de Decca, da Unicamp, caracterizou há alguns anos. Escrevendo sobre a Revolução de 1930, ele mostrou que ela entrou para nossa história através da narrativa daqueles que a venceram. Tudo aquilo pelo qual se bateram os derrotados foi ignorado ou desconsiderado. Sobre aquele movimento, nossa historiografia só nos conta a versão dos vencedores. Ninguém mais se lembra do que queria o outro lado. Impôs-se a ele "o silêncio dos vencidos".

Em 2002, Lula e o PT venceram tanto a eleição quanto a batalha das versões. Quando o resultado objetivo foi proclamado, estava pronto um discurso: era "a vitória da esperança sobre o medo" e o Brasil podia sentir orgulho de sua própria coragem ao colocar na Presidência um metalúrgico. Ninguém deslegitimou o que as urnas disseram.

Se Lula começasse seu segundo mandato depois de uma apertada vitória sobre Alckmin no primeiro turno da eleição de 2006, seria complicado livrar-se da interpretação de que, depois do mensalão, havia diminuído de tamanho. Mas, no segundo turno, cresceu tanto que até seus detratores tiveram que reconhecer que nada indicava que fosse essa a realidade.

Agora, na véspera do que todos calculam ser a eleição de Dilma, está sendo elaborada uma versão que a reduz. Nela, a vitória é apresentada como um misto de manipulação ("usaram o Bolsa Família para comprar o voto dos miseráveis"), ilegalidade ("Lula passou por cima de nossa legislação eleitoral") e jogo sujo ("montaram um fábrica de dossiês para derrotar José Serra").

Nesse tipo de combate, não faz a menor diferença se algo é verdade ou não. Como é apenas uma guerra de versões, o que conta é falar alto. Quem tem meios de comunicação (jornais, revistas, emissoras de televisão) à disposição para propagandear seus argumentos, sempre leva vantagem. Pode até ganhar.

Que importa se apenas 20% do voto de Dilma vem de eleitores em cujo domicílio alguém recebe o benefício (ou seja, que ela tem votos suficientes para ganhar no primeiro turno ainda que esses fossem proibidos de votar)? Que importa se nossas leis são tão inadequadas que até uma passeata de humoristas a modifica? Que importa se nada do resultado da eleição pode ser debitado a qualquer dossiê, existente ou imaginado?

Mas fatos são sempre fatos. E as versões, por mais insistentes que sejam, não os modificam. Ganha-se no grito, mas perde-se no voto. Lá na frente, os fatos terminarão por se impor.

14 de setembro de 2010

13 de setembro de 2010

Jornal de Piracicaba

Para quem perdeu, os textos publicados no JP


dia 01/09 (A provocação)

"Democracia?

Desde que me lembro escuto suas críticas ao Lula. Críticas essas, movidas por uma raiva a qual nunca desejei compartilhar. Entretanto, Lula acabou sendo eleito presidente, logo depois de um certo sociólogo que terminou seu governo com uma péssima avaliação. Quase oito anos depois, Lula é aprovado pela maior parte da população, apresenta bons resultados na economia e talvez eleja sua ex-ministra como sucessora. Mas você, que sentia aversão ao Lula, agora dirige sua raiva a essa candidata, que como gosta de lembrar, seria “Terrorista”. Posso estar enganado, mas a história nos conta que foram os militares que acabaram com a democracia, sequestrando, estuprando e assassinando aqueles que discordavam. Dilma e tantos outros que resistiram ao golpe deveriam ser considerados heróis nacionais, não terroristas, a não ser que você prefira defender o regime militar. Nesse caso, talvez você estivesse passando sua manhã sem precisar ler essa carta, sem passar raiva com a aprovação popular do governo Lula, ou com as pesquisas que mostram Dilma liderando; no entanto, depois não me venha com aquele seu discurso hipócrita de Democracia. Para encerrar, por favor, vá tratar de sua raiva, não deve fazer bem à saúde."


Dia 04/09 (O radicalismo é do lado de lá)


"Resposta

Bastante curiosa a resposta do leitor Paulo Nogueira Liborio à minha carta publicada no dia 01/09. Nosso colega traça um perfil da minha pessoa com a mesma precisão com a qual um certo astrólogo garantia, ainda no início do ano, a vitória do candidato oposicionista em outubro. Da minha parte, pretendo me centralizar no debate das ideias, não na vida pessoal daqueles que discordam do que penso. Entretanto, seus argumentos são bastante compreensíveis e quem dera seu candidato apresentasse, na televisão, suas opiniões com tamanha clareza, em vez de alisar constantemente um presidente que tanto criticava. Minha carta se dirigia a pessoas que, como parece ser o caso, entendem que o presidente Lula só tem boa aprovação em grupos menos favorecidos, pobres e analfabetos, ou pior, aqueles que foram “vacinados” para defenderem desde cedo um certo partido. Assim, segundo esses termos, que não são somente de nosso colega, mas de muitos outros, Lula teria uma boa aprovação pela ignorância da maior parte da população. Claro, essa constatação nunca se transformou em alguma postura prática, como questionar o grupo político que comanda a educação pública de nosso estado há quase 16 anos, mas serve para justificar o porquê de a maior parte da população ter uma opinião diferente da sua. Parecem ignorar que o presidente é aprovado pela maioria em todos os grupos das pesquisas, ricos ou pobres. Pessoalmente, prefiro acreditar na inteligência do nosso povo, na real democracia, na qual o peso do voto do analfabeto vale sim o mesmo que o de um bacharel. De forma sincera, acredito que a população vote por questões mais simples, como a sensação de bem estar e otimismo que domina nosso país nos últimos anos. Por fim, é claro que tenho críticas ao governo, mas em outros termos, jamais baseadas no preconceito contra as camadas mais pobres da população, ou na raiva daqueles que pensam diferente. Foram a essas criticas que minha carta estava direcionada."

11 de setembro de 2010

Brizola net

link

do Blog do Brizola Neto

"Romper o círculo vicioso da imprensa empresarial

Dona Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais, que reúne os principais diários do país, e diretora-superintendente da empresa que edita a Folha de S.Paulo, já afirmou publicamente que os partidos de oposição estão muito debilitados e que cabe aos jornais exercer esse papel. A posição oficial da entidade que congrega os maiores jornais vem sendo seguida à risca por todos eles, que, apesar do conhecimento publico da posição que defendem, tentam se passar por imparciais.

Nesse pequeno clube fechado, que não aceita vozes dissidentes, todos rezam pela mesma cartilha. Se há governo popular, sou contra. Os principais meios de comunicação do país são controlados por meia dúzia de famílias ricas, que defendem seus interesses de classe. Seu compromisso não é com a informação e sim com a manipulação das notícias para atingir seus propósitos.

Meu avô foi vítima desse clubinho, Lula é perseguido por ele desde que se tornou uma liderança nacional, e Dilma será considerada uma inimiga permanente até o último dia de seu mandato. Contra os representantes das aspirações populares não há trégua. O objetivo é desestabilizá-los, se possível derrubá-los, recorrendo a meias verdades, informações falsas e atuação conjunta.

O roteiro já é batido, mas eles ainda acreditam que funciona. Normalmente, a peça de acusação ou escândalo, como gostam de batizar qualquer denúncia que fabricam, parte de alguma revista semanal, preferencialmente a Veja, que no meio dessa mediocridade consegue ser a pior das piores, e depois é repercutida e propagada pelos demais veículos. A estratégia é tornar o fato verossímil pela sua divulgação exaustiva em todos os veículos que controlam. Assim, o “fato novo” aparece quase sempre no fim de semana, os jornais já o repercutem aproveitando a maior tiragem desses dias, e a TV Globo dá o tiro de canhão, alcançando um público que os impressos jamais atingiriam.

Qualquer brasileiro minimamente informado já viu esse filme, como vê novamente com a história da vez, envolvendo a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. Não existe nenhuma preocupação com sutileza. Se o alvo é Lula, vão em cima de sua família e principais auxiliares. Se o alvo é Dilma, ninguém mais próxima no governo que a sua sucessora, com quem trabalhava diretamente antes de se candidatar à Presidência da República.

O funcionamento desse clube tem uma outra regra. Tudo que não é publicado por eles não é notícia. Um caso disparatado como esse de Erenice Guerra vai ser explorado até a última gota, contra todas as evidências. Mas uma reportagem poderosa como a de Leandro Fortes, na Carta Capital, sobre o vazamento do sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros, feito por uma empresa que tinha como sócia a filha de José Serra, é totalmente ignorada.

A questão que esse pequeno grupo parece não enxergar é que o Brasil mudou. Hoje existem novas fontes de informação, como a internet, e a população já não se deixa levar por suas mentiras. Lula foi eleito e reeleito contra a vontade dessa minoria. E Dilma caminha para uma vitória ainda mais consagradora enfrentando todos os golpes vis. O povo não é bobo e saberá dar na urna uma resposta à altura a esse grupo, que jamais teve compromisso verdadeiro com o Brasil.

Será um erro, com a vitória, fazer de conta que isso foi uma rusga eleitoral que “passou”. Quem poupa o inimigo, já diz o ditado, pelas mãos lhe morre, um dia. Ninguém está falando em censura à imprensa, antes que eles venham com essa. Nem em tratar mal aos jornalistas, embora muitos se prestem abertamente ao jogo político patronal.

Estamos falando em respeito à liberdade, que não é propriedade dos donos da mídia. Trata-se de abrir a liberdade para todos, sem o que liberdade não há. A vontade do povo brasileiro está sendo expressa de modo inequívoco. O povo brasileiro não quer mais ser um objeto de manipulação desta gente.

Os acontecimentos estão provando que é preciso que o governo Dilma apóie nossa luta. Não queremos, como eles, gordas verbas de publicidade – embora seja legítimo, eventualmente e por critérios técnicos, também os blogs a receberem, o que não é o meu caso. Queremos internet para todos os brasileiros, queremos que esta tela rompa a prisão em que colocam a mente de nossos irmãos e irmãs, com seu poder avassalador."

2 de setembro de 2010

FHC x LULA