29 de janeiro de 2009

Fora da escola

Minha saída do cargo de professor estadual de São Paulo foi uma decisão tomada já faz algum tempo, a questão que sempre coloquei foi quando, e não se aconteceria.

Entendo que para muitas pessoas pode se tratar de uma decisão equivocada, trocar um emprego e um salário garantido (para o resto da vida, como me lembram) por uma aposta, algo incerto, ainda mais em tempo de crise.


Ao longo de todo o ano de 2008 fui percebendo o quão impraticável seria minha idéia inicial de terminar o Mestrado e talvez fazer o Doutorado enquanto dava aulas no estado. Além do impacto de ter abandonado minha vida em Florianópolis, os problemas da educação pública (e da sociedade de forma geral) consumiram muito do meu tempo e da minha força de vontade. Sei que muitos professores conseguem chegar em casa depois de um dia ruim de trabalho e abstrair os problemas, mas eu definitivamente não sou assim, ou faço algo direito, tentando sempre melhorar, ou não faço, e a escola publica tem que mudar muito para se transformar num local melhor para alunos, professores e funcionários.


Deixando os problemas da educação pública de lado, creio que a decisão está principalmente amparada na forma como procuro encarar a vida, meus projetos e objetivos. Não me imagino, em hipótese alguma, trabalhando na mesma escola daqui a 10 anos, nem 5, nem mesmo 2 anos. Eu quero trabalhar com Geografia! Infelizmente, a escola publica não oferece as mínimas condições para isso, por mais que eu acredite que o ensino básico seja importantíssimo para qualquer tipo de mudança que possamos imaginar para a sociedade.


Talvez nenhuma das minhas apostas de certo, pode ser que demore para que eu volte a ter uma renda estável, mas eu preciso tentar. Existem momentos na vida que nós precisamos firmar as raízes, estabilizarmos, cuidarmos daqueles os quais temos responsabilidades (família, filhos etc), mas antes é necessário bater as asas, voar, experimentar! Passei o último ano da minha vida parado, lamentando pelo que já passou, chorando pelo que passava, agora isso mudou.


Estou de volta ao jogo.