12 de maio de 2009

Ele é o cara

Formado na melhor Universidade do país, Mestre, Doutor, Professor Titular, dezenas de artigos publicados, muitos alunos e orientandos fazendo de tudo para agradá-lo, professor homenageado, “especialista”. Ele sempre acreditou: “eu sou o cara”, mas suas conquistas acadêmicas e profissionais louváveis não eram suficientes para massagear o tamanho de seu ego. Decidiu tornar publicas suas opiniões políticas.


Pois “o cara” parece não entender que fora da universidade, quando se trata de opinião política, a dele vale tanto quanto a de seus alunos, de seus empregados, do seu vizinho, a minha, ou a sua. Acredito ser realmente complicado para uma “entidade” acadêmica aceitar que na democracia a sua opinião tem o mesmo valor que a de qualquer um de nós, meros mortais, que dentro da universidade estaríamos nos esforçando para bajulá-lo em prol de uma bolsa ou de empreguinho publico.


Mais difícil é aceitar que o país seja governado por um diferente, alguém que não tenha suas origens, sua história acadêmica, suas passagens pelo estrangeiro ou seus olhos azuis. Alguém, talvez, mais popular.


Pois bem, deparando-se com uma realidade diferente da qual estava acostumado dentro da universidade, “o cara” se revolta, expressa palavras nada apropriadas para referir-se ao Presidente e possui a audácia de classificar de ignorantes a maior parte da população, simplesmente por ter uma opinião distinta da sua.


Para aumentar a indignação (seletiva) do Doutor, o homem mais poderoso do planeta diz que o Presidente, o Molusco, é “o cara”. Absurdo! “O cara” sou eu, reclamava durante dias o acadêmico.


O Doutor parece sentir-se pouco a vontade fora da universidade, quando um sujeito comum pode facilmente contrariar suas vontades, ou ignorar suas baboseiras, sem o risco de ser penalizado pelo “feudo” acadêmico.