25 de março de 2010

Lulão !!!




Uma vez eu parei numa padaria – Marisa ficou no carro, eu fui comprar um pão. Cheguei lá, pedi o pão e perguntei: ‘Quanto que é?’

O cidadão do caixa falou assim pra mim: ‘Nossa, você parece o Lula! A voz do Lula...’

E um cidadão, que estava atrás de mim, falou: ‘mas não é o Lula, porque eu conheço o Lula. O Lula é mais alto, é mais moreno’.

E eu ali, na frente de um cara querendo me conhecer, e o cidadão desaforado, atrás, dizendo: ‘Não é o Lula’.

Eu fui obrigado a pegar a minha identidade e mostrar pro companheiro: ‘Companheiro, eu sou o Lula’. E ele falou: ‘É, mas não parece’.

É assim que determinados setores da imprensa se comportam (...)

19 de março de 2010

Clássicos do Rock

Você conhece Wander Wildner?

ex-integrante do Replicantes, uma das grandes figuras do Rock gaúcho.

Desfrute




Entrevista no Overmundo (link)

Alguns trechos:

"Wander, você é hippie, punk ou rajneesh?
Wander- Eu sou brega. Na verdade eu brinco dizendo que sou brega porque ninguém admite isso de si mesmo. E o brega, comparando com o resto mundo, seria o punk brasileiro.

Por quê?
Wander- O brega é uma característica, uma virtude da nossa cultura que a classe média e a classe alta depreciaram. O que é o punk? O punk inglês, por exemplo: A historia do faça você mesmo, que surgiu em Nova Iorque... Bla bla bla. Essa historia que a gente tem do punk clássico, de coturno, calça de couro, isso é em Londres. Aí você imagina: por que que ele se veste assim? De jaqueta de couro e tal? Por quê? Porque é frio, entende? Só que os punks daqui, como o Brasil é um país 500 anos mais novo e é uma colônia, copiam as coisas, eles não pensam muito. Então o punk brasileiro pode estar em Salvador, em Florianópilis ou em São Paulo, de coturno e tal... Eu acho que um punk em Florianópolis ou em João Pessoa tinha que andar de chinelo e bermuda, de camiseta branca e não preta, se ele for inteligente.

Então o punk brasileiro é burro?
Wander- É como eu digo numa música dos Replicantes: Seja punk mas não seja burro.
(...)



E vai ter show perto de Pira:

> 07 de maio - sexta - BAR DO ZÉ - Av. Albino JB de Oliveira 1325 (Barão Geraldo) - CAMPINAS - SP
24 horas - show com banda: georgia branco (baixo) pitchu (bateria)

> 08 de maio - sabado - D'VINCI MUSIC BAR - Rua 2, 813 (Centro) - RIO CLARO - SP
mesmo horário e banda

18 de março de 2010

Paulada na hipocrisia

China denuncia: violações de DH nos EUA assolam presídios e agridem liberdade de imprensa

Em um documento divulgado dia 12 pelo Escritório de Informação do Conselho de Estado da China, foi apresentado um registro detalhado sobre as violações dos direitos humanos cometidas pelos Estados Unidos no ano passado.

O documento divulgado pela China ressalta o chamado “ato patriótico” imposto pelo governo de Bush - usando como pretexto o 11 de setembro - para vigiar os cidadãos. “Apesar de sua defesa da ‘liberdade de expressão’, ‘de imprensa’ e ‘na Internet’”(…) a “Agência Nacional de Segurança (NSA) começou a controlar as comunicacões com equipametos especializados de escuta e interceptando telefonemas, faxes e contas de correio eletrônico em 2001. Usam isso para controlar milhões de americanos”. Com relação à liberdade de imprensa, segundo o New York Times (de 20 de abril de 2009), “o governo dos EUA fez com que ex-oficiais participassem dos jornais de rádio e TV sobre Iraque e Afeganistão para glorificar estes conflitos armados”.

Já em relação ao sistema penitenciário americano, o documento ressalta que “os casos de presos violados por carcereiros abundam”. E que, “segundo o Departamento de Justiça, o número de denúncias relacionadas com a ‘má conduta sexual’ dos trabalhadores das 93 prisões federais do país vêm crescendo nos últimos oito anos”. Há 2,3 milhões mantidos em regime de prisão.

TENSÃO

A tensão e os desníveis sociais na sociedade norte-americana teve como consequência a ocorrência de 4,9 milhões de crimes violentos. No sistema judicial a discriminação racial é escandalosa. A proporção de jovens negros condenados a prisão perpétua em 25 Estados é 10 vezes superior à dos brancos; na Califórnia é 18 vezes maior. Em 2009 houve 3.890 crimes motivados por ódio racial.

O documento relata também que, nos EUA, “a população que sofre de fome foi a mais alta em 14 anos. O Departamento de Agricultura dos EUA informou, em 16 de novembro de 2009, que em 2008 um total de 49,1 milhões de estadounidenses, ou 14,6% de todas as familias do país norteamericano, têm negado acesso permanente a uma alimentacão adequada”. A população em estado de pobreza foi a maior dos últimos 11 nãos. O Washinton Post informou, setembro de 2009, de 39,8 milhões de americanos na pobreza.

O documento conclui afirmando: “durante anos os EUA se impõem a outros países considerando-se como a ‘polícia mundial dos direitos humanos’ e ignorando seus próprios problemas a respeito, e têm publicado seus Informes para os Países sobre Práticas de Direitos Humanos para criticar outros países, utilizando os direitos humanos como ferramenta política para difamar e interferir nos assuntos internos de outras nações”.

do Jornal Hora do Povo

11 de março de 2010

Homens x Mulheres

9 de março de 2010

A Montanha

Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer que um dia chego lá
Nem tão perto que eu possa acreditar que o dia já chegou

..........

8 de março de 2010

Piracicaba - parte 6

Expansão e diversificação industrial (1950-1970)


O ritmo do aparecimento de novas indústrias em Piracicaba se acelerou na década de 1940, se intensificou nos anos 1950, e atingiu seu máximo nas décadas de 1960 e 1970. Esse crescimento dos novos estabelecimentos industriais na cidade ocorreu em diversos ramos, se mostrando mais intenso na metalurgia, seguido pela indústria mecânica e química.

Além dos ramos que se destacaram, ocorreu também um aumento nas fábricas ligadas aos setores de calçados, imobiliária, confecções, de madeira, e o surgimento de novos setores, como de material elétrico, comunicações, e de papel e papelão, o qual assumiu grande importância no município.

Muitos desses novos empreendimentos estavam geneticamente ligados as demandas e disponibilidade de matéria-prima da produção do açúcar, do álcool e do aguardente, pois atendiam certas necessidades do setor (indústria mecânica, química etc) , ou utilizavam a produção e/ou refugos das fábricas como matéria-prima (indústria de celulose e papel, alimentícia etc.) Na obra de SAMPAIO (1973, p.101), encontramos um gráfico que sintetiza muito bem as relações genéticas e funcionais entre a cultura da cana e a indústria local.



O desenvolvimento de Piracicaba acompanhou a intensificação da industrialização brasileira e paulista, que nacionalizava, a cada ciclo econômico, diversos setores manufatureiros. Esse processo deu origem a um grande mercado consumidor na metrópole paulista, que demandava desde bens de consumo direto da população até matérias-prima e equipamentos para as novas indústrias.

A conjuntura econômica e política favorável à industrialização, juntamente com o promissor mercado interno, teriam grande influencia no processo de diversificação industrial de Piracicaba, liderado majoritariamente por capitais locais. A atuação de capitais nacionais e internacionais na instalação de novos estabelecimentos foi reduzida até 1970, os quais atuavam com maior interesse apenas na aquisição de empresas locais já bem estabelecidas no mercado.

A industrialização provocou à expansão demográfica e o desenvolvimento de outras atividades, como o comércio e os serviços, que transformaram a cidade em um centro urbano relativamente grande, que já possuía uma infra-estrutura atraente para a instalação de novas indústrias e a para investimentos externos, que chegariam com força nas décadas seguintes.

7 de março de 2010

Piracicaba - parte 5

O imigrante, a cana e a industrialização.


O fator inicial da implantação de indústrias em Piracicaba foi à proximidade da matéria-prima, seja da cana-de-açúcar, no caso das usinas, ou do algodão, utilizado na fabrica de tecidos Santa Francisca. Mas foi com a chegada do imigrante europeu que se desencadearam as maiores transformações no futuro desenvolvimento fabril de Piracicaba.

Já em 1870, Pedro Krahenbuhl funda uma fábrica de “trolleys” e tílburis, tida como a primeira grande indústria metalúrgica do Estado, com cerca de 40 operários e que atendia o mercado consumir paulista. Outros exemplos são a fábrica de arados de João Martins, de 1900, e a funilaria e caldeiraria Vesúvio, criada em 1907 por Vitório Furlani.

Entretanto, os primeiros empreendimentos industriais do município se desenvolveram em um período pouco favorável do país, dominado político e economicamente pela elite cafeeira, o que resultou no fechamento da maioria dos empreendimentos, como a fábrica de Pedro Krahenbuhl, que apesar da importância, não teve condições de se adaptar ao advento dos veículos a motor.

Até 1920 as indústrias locais eram caracterizadas por pequenos e médios estabelecimentos, não essencialmente ligadas à cana-de-açúcar, visto a importância do café, deixando como legado ao desenvolvimento do município a experiência técnica e profissional de uma mão-de-obra adaptada ao trabalho fabril, além do exemplo de iniciativa empresarial

Foi justamente nas décadas de 1920-30 que a iniciativa empresarial e o conhecimento técnico do imigrante iriam resultar num grande desenvolvimento industrial em Piracicaba, possibilitado por alterações na conjuntura política e econômica nacional e mundial.

O principal marco do início desse desenvolvimento municipal foi a instalação, em 1920, de uma oficina de consertos e reparos de peças para usinas e engenhos de açúcar, criada por Mario Dedini, imigrante italiano que trabalhará em uma usina da região. Esse empreendimento deu origem a um complexo mecânico – metalúrgico voltado para o equipamento e manutenção das novas usinas.

A conjuntura economia e política nacional e mundial favoreceu enormemente o empreendimento de Mario Dedini nas décadas seguintes, pois foram marcadas pela atuação do I.A.A na substituição dos antigos engenhos pelas modernas usinas de açúcar e destilarias de álcool, as quais já contavam com a fabricação de equipamentos e peças nacionais. Em 1932, o grupo Dedini equipa totalmente a usina Boa Vista, construída em Iracemápolis pelos irmãos Ometto, e em 1946, associados a esses empresários, os Dedini equipam e participam da sociedade que daria origem a Usina da Barra, então maior usina paulista.

Após o termino da 2ª Guerra Mundial o território paulista vivenciou uma grande expansão da cana-de-açúcar para regiões mais a oeste, cujos novos canaviais já nasciam ligados a modernas usinas. As empresas de Mario Dedini se tornavam os grandes fabricantes e fornecedores nacionais de máquinas e equipamentos, sendo, inclusive, embriões de novos firmas do setor, criadas por antigos funcionários, como a Santin S.A. (1948), a Mario Antoni Metalúrgica Ltda (1952), e a Motocana S.A. Máquinas e Implementos Agrícolas (1959).

A fabricação de peças de reposição e equipamentos para as indústrias de açúcar, álcool e aguardente marcaram a gênese do setor mecânico e metalúrgico de Piracicaba, sob o pioneirismo do grupo Dedini e de outros empresários, mas posteriormente os mesmo grupos iriam diversificar a produção de suas fábricas, acompanhando e buscando atender a demanda de diversos novos setores em crescimento da indústria paulista e nacional.

6 de março de 2010

Piracicaba - parte 4

A cana-de-açúcar na primeira metade do século XX


A produção brasileira de açúcar viveu um novo impulso durante os anos da 1ª Guerra Mundial, que prejudicou a produção de açúcar de beterraba na Europa. No entanto, o açúcar nacional não podia competir com a produção de Cuba, que possuía o monopólio de fornecimento do importante mercado norte-americano.

A produção brasileira e mundial, em crescimento durante a guerra, sofreu um grande abalo nos anos seguintes ao término do conflito, com a retomada da produção européia. Em 1929, a Liga das Nações tentou resolver a questão, limitando a produção, mas a reduzida representatividade dos produtores na liga impediram o sucesso da medida.

Em 1937 teve inicio o regime de cotas imposto pela Conferência Internacional do Açúcar, realizado em Londres; coube ao Brasil uma participação reduzida no mercado internacional.

Em São Paulo, a cana começou a recuperar importância econômica frente ao café em meados da década de 1920, prejudicando o açúcar nordestino. A crise de superprodução do final da década afetou enormemente o país, que viu o crescimento da intervenção estatal no planejamento e desenvolvimento futuro da produção de açúcar.

Em 1933 o Estado institui a obrigatoriedade da mistura de 5% de álcool anidro na gasolina importada, aumentando o mercado consumidor. As usinas também foram obrigadas a depositar 10% da produção de açúcar em armazéns controlados pelo governo, que buscava regularizar o preço do produto e evitar especulações.

Além dessas medidas, a Comissão de Defesa da Produção do Açúcar e a Comissão de Estudos sobre o álcool-motor se fundem, na criação do Instituto do Açúcar e do Álcool – I.A.A., que buscaria o equilibro entre a safra e o consumo de açúcar, e estimulava o uso álcool anidro como combustível.

O I.A.A. criou cotas de produção para as usinas, considerando a capacidade de produção das mesmas; a criação de novas usinas também passava a necessitar de aprovação do instituto, que exigia que se comprovasse a existência de matéria-prima não processada na região do futuro empreendimento.

A concentração de terras e da produção de açúcar nas usinas foi combatida pelo Estatuto da Lavoura Canavieira em 1947, que estabelecia um limite de 60% da produção própria de cana no abastecimento de matéria prima das usinas, limitando a expansão das mesmas sobre os pequenos e médios agricultores.

Apesar de sempre combatido pelos usineiros paulista, que criticavam a política do instituto de assegurar mercado interno à produção nordestina, menos dinâmica, o I.A.A. conseguiu estabilizar a produção nacional de açúcar, que continuava a crescer juntamente com o aumento do consumo, especialmente no centro-sul.

Em Piracicaba o instituo não passou despercebido, resultando em alguns anos de estagnação da produção. No entanto, apoiados na justificativa da disponibilidade de matéria-prima não industrializada na região, empresários locais obtiveram autorização para a instalação de três novas usinas: a união de Pedro Ometto, usineiro de Araras, e o industrial Mario Dedini deu origem a Usina Costa Pinto (1936); o mesmo empresário, junto a proprietários rurais do município instalaram a Usina Modelo de Açúcar e Álcool (1946); e a tradicional família de agricultores Brunelli foi responsável pela instalação da Usina Santo Antonio (1952).

Somadas as já existentes (Engenho Central e Engenho Monte Alegre) as 5 grandes usinas piracicabanas superaram em muito a produção de todos os antigos engenhos do município. Entretanto, Piracicaba não acompanhou o crescimento da produção de açúcar estadual, que avançava por novas áreas a oeste, como a região de Ribeirão Preto, onde se localiza o município de Sertãozinho.

Piracicaba - parte 3

A modernização da produção de açúcar.


O processo de substituição dos antigos engenhos de açúcar pelas modernas usinas se iniciou em 1875, quando o governo suspendeu as taxas de importação dos equipamentos necessários para a instalação e funcionamento dos primeiros empreendimentos, denominados na época de Engenhos Centrais. Os novos investimentos contavam também com garantias financeiras oferecidas pelo Banco de Crédito Real às companhias que se dispusessem a fabricar açúcar de forma industrial.

Essas usinas pioneiras utilizavam técnicas industriais avançadas em relação aos antigos engenhos, o que criava conflitos entre as empresas e a ainda arcaica e insuficiente produção de cana-de-açúcar no país. Assim, gradativamente a cana começou a ser plantada pelas próprias usinas, que paralelamente foram incorporando os antigos engenhos.

Esse processo repercutiu na estrutura econômica e social do município; os plantios efetuados pelas usinas e as diversas fazendas anexadas deram origem a grande produção da cana, com a utilização de mão-de-obra assalariada no campo. Nos estabelecimentos industriais das usinas, a grande demande de mão-de-obra possibilitou o surgimento do proletariado industrial já no final do século XIX.

Destacamos ainda que São Paulo não foi pioneiro na instalação de usinas de açúcar no país, provavelmente devido à importância do café na economia estadual, que concentrava quase todos os investimentos.

O primeiro grande empreendimento paulista foi justamente o Engenho Central de Piracicaba, inaugurado em 1883 às margens do rio, que tinha na força de suas águas a energia necessária para mover o maquinário de origem francesa. Curiosamente, o Engenho Central de Piracicaba é um dos poucos casos de investimentos externos na produção de açúcar, pois foi criado em uma aliança entre capitais locais (Barão de Rezende e Barão de Serra Negra) e franceses, de onde surgiu a “Societé Sucrérie Brésilienne”.

O Engenho Central de Piracicaba já surge como o maior centro de produção de açúcar regional, com 30 mil arrobas em 1884, contra 18 mil de todos os outros engenhos menores.

Em 1889, Piracicaba presenciara o surgimento de outra grande usina de açúcar, graças à modernização do antigo engenho Monte Alegre, executado com fundos do Banco Real de São Paulo. Nas décadas seguintes, a usina Monte Alegre apresentaria grande crescimento, tornando-se, juntamente com o Engenho Central, um dos maiores complexos agro-industriais do açúcar em São Paulo.

Importante considerarmos que esses investimentos ocorrem em um período pouco propício ao comércio internacional de açúcar e auge da produção cafeeira, cultura que chegou a substituir a cana como principal produto agrícola municipal.

O aumento, em números absolutos, da produção de açúcar era sustentado basicamente pelo mercado interno em crescimento, graças ao aumento populacional e a implantação do trabalho assalariado em São Paulo. A tomada do mercado paulista pela produção local resultaria na quebra de diversos engenhos do nordeste brasileiro, que se viram alijados do mercado interno e externo do açúcar.

5 de março de 2010

Piracicaba - parte 2

A onda do café


A conjuntura internacional desfavorável para o açúcar e os crescentes ganhos obtidos com a exportação do café provocaram grandes transformações no território paulista. Já em 1850-51 a exportação de café superou a do açúcar, que na década seguinte passaria a ser importado para atender o consumo local.

Segundo diversos estudos, o café se expandiu na província de São Paulo a partir do Vale do Paraíba, penetrando rapidamente em direção ao Oeste, região que apresentava condições mais propicias ao seu cultivo (fertilidade da terra e clima). Na região central da província, Campinas logo se transformou no maior centro cafeicultor do país.

Piracicaba não ficou imune ao declínio açucareiro e ao avanço do café, mas ao contrario de outras localidades, a substituição de um produto por outro nunca foi total.A partir de 1866 o café se torna à cultura de maior importância, predominando em 70 fazendas do município, contra 18 propriedades ligadas exclusivamente aos engenhos de açúcar.

A importância do café na economia piracicaba e paulista continuaria a crescer consideravelmente até 1929, no entanto, mesmo durante a predominância dessa cultura, Piracicaba manteve sua importância como centro açucareiro. Na virada do século, Piracicaba e Capivari eram os maiores produtores de açúcar da província, com Santa Bárbara liderando em aguardente, comprovando a importância do setor na região.

Tal como ocorreu em boa parte do território paulista, o café deixou um legado importante para o desenvolvimento econômico futuro, com a implantação das ferrovias e a chegada de imigrantes europeus, utilizados como mão-de-obra assalariada nas fazendas.


O algodão


Além da cultura do café, a predominância da atividade sucroalcooleira em Piracicaba também foi ameaçada, por um breve período, pelo algodão e a indústria têxtil. Entre 1860 e 1870, a Guerra de Secessão americana provocou o desabastecimento de matéria-prima nas indústrias têxteis européias, incentivando o cultivo e as exportações brasileiras.

O breve ciclo do algodão provocou um surto industrial importante nas cidades da região; em Piracicaba surge a fábrica de tecidos Santa Francisca, conhecida posteriormente como Cia Agrícola e Industrial Boyes, instalada às margens do salto do Piracicaba, o qual era utilizado na geração de energia.

O restabelecimento da produção americana, com o fim da guerra, comprometeu os mercados internacionais do algodão brasileiro, resultando numa drástica redução da produção, o que terminou por afetar o funcionamento das industrias têxteis regionais.


Considerações sobre o desenvolvimento de Piracicaba até o início do século XX


A cultura da cana e a produção de açúcar, e por um período mais breve a lavoura do café, foram os fatores principais de desenvolvimento do município no Século XIX e início do século XX. No entanto, durante os momentos de decadência dessas atividades econômicas, Piracicaba não sofreu, ao contrário de outros povoamentos paulistas, um processo de esvaziamento (como as cidades mortas após a queda do café), pois o município nunca foi totalmente monocultor, sendo abastecido de gêneros alimentares pelas próprias fazendas e pequenas propriedades presentes nas áreas mais afastadas.

Até 1935, Piracicaba passa por um intenso processo de retalhamento da posse da terra, com o crescente predomínio da pequena propriedade, que praticavam a policultura para atender o mercado local, conseqüência imediata da implementação do trabalho assalariado e de núcleos de imigrantes. A coexistência da produção açucareira, cafeeira, e das pequenas propriedades, pode ser entendido se considerarmos a grande extensão territorial do município.

Outro fator importante desse período histórico para o desenvolvimento futuro do município foi a sua localização geográfica em relação aos principais meios de transporte da época, as ferrovias. Piracicaba estava ligado a Jundiaí por um ramal da linha da Cia. Paulista , e a Cia. Sorocabana avançou apenas até São Pedro, o que caracterizou Piracicaba, historicamente, como “fim de linha” das ferrovias, não consolidando no município, mais uma vez na história, um papel de ligação entre o leste e as novas áreas povoados do oeste.

Piracicaba - Parte 1

Povoamento


As terras que atualmente pertencem ao município de Piracicaba começaram a ser ocupadas por descendentes europeus na 1ª metade do século XVIII.

O porto de Araratiguaba (Porto Feliz), no Rio Tiête, era o núcleo de povoamento mais a oeste do território paulista; a partir do porto, a navegação fluvial para o interior apresentava diversas dificuldades e perigos.

Com a descoberta das minas de Cuiabá, em 1718, inicia-se a abertura de um percurso terrestre a partir da Vila de Itú, o qual, em 1726, atravessava o rio Piracicaba logo abaixo de seu salto, onde, no inverno, as secas permitiam a passagem.

A via de acesso para as minas de Cuiabá logo foi abandonada, mas as áreas próximas ao rio Piracicaba atraíram posseiros que sobreviviam com base na pesca e na agricultura.

Na 2ª metade do século XVIII o povoamento de Piracicaba foi oficializado (1767), missão dada ao capitão Antônio Corrêa Barbosa, o “Povoador”. O capitão foi responsabilizado pela criação de um núcleo de abastecimento para a colônia militar de Iguatemi, posto avançado da defesa brasileira na fronteira com as terras paraguaias.

Mas quando o “Povoador” chegou às terras próximas ao salto do Piracicaba, encontrou pequenos agricultores posseiros instalados ali há quase 50 anos. Dessa forma, a origem de Piracicaba está ligada ao rio e, com mais importância, a terra, e não como um local de “pouso” ou de passagem. Por esse motivo, quando Iguatemi cai em poder dos espanhóis (1777), apesar do abalo econômico sofrido pelo povoado, não ocorre o abandono da região pelos posseiros, dedicados a atividade agrícola.


Os primeiros engenhos de açúcar


Paralelamente aos acontecimentos nas margens do rio Piracicaba, o fim do século XVIII é marcado por um período de transição na economia brasileira, caracterizado pela decadência da atividade mineradora (ouro) e a revalorização da produção de açúcar. No estado de São Paulo, o mais tradicional centro canavieiro era Itu, que abastecia o mercado local.

Além do declínio do ouro, o renascimento da agricultura brasileira deve-se a estímulos favoráveis do comércio internacional, como o aumento da população européia, resultando em maior consumo, e aos conflitos entre as nações do velho continente que, devido a “neutralidade” portuguesa, praticamente não atingiam as exportações brasileiras. Graças a esses estímulos e ao apoio do governo da província, a expansão da cultura da cana, partindo da região de Itú, atinge as terras de Piracicaba, transformando-se em sua principal atividade econômica.

Acompanhando a expansão da cana instalam-se engenhos de açúcar e de aguardente, primeiras atividades industriais de Piracicaba e que seriam fundamentais em todo o processo de industrialização do município.

As terras roxas presentes nas primeiras áreas ocupadas de Piracicaba possibilitavam uma produtividade maior para os canaviais, tornando-se o principal fator de atração para a instalação de novas empresas. Em 1816, Piracicaba possuía 14 engenhos de açúcar, 4 de aguardente e 12 estabelecimentos em processo de instalação.

Ao se transformar em Vila Nova da Constituição, independente administrativamente de Itú, Piracicaba já constituía um núcleo de povoamento todo cercado por engenhos e canaviais, com uma grande distinção na forma de ocupação do solo: nas grandes propriedades, a presença da cana e dos engenhos de açúcar; nas pequenas e médias fazendas, geralmente mais afastadas, pecuária e agricultura de subsistência.

Na 1ª metade do século XIX, Piracicaba superava Itu na produção de açúcar, respondendo por 20% da produção estadual do produto. Entretanto, a exportação da produção brasileira passou a enfrentar problemas na década de 1830, provocados pelo desenvolvimento da produção nas colônias e o constante aumento da produção européia do açúcar de beterraba, cultivado na Prússia desde 1812.

A estagnação da produção paulista de açúcar ocorreu paralelamente à expansão do café, que vinha obtendo excelentes preços no mercado internacional.


2 de março de 2010

Forum Socialite Nacional

por Bia Barbosa, em Carta Maior


Se algum estudante ou profissional de comunicação desavisado pagou os R$ 500,00 que custavam a inscrição do 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, organizado pelo Instituto Millenium, acreditando que os debates no evento girariam em torno das reais ameaças a esses direitos fundamentais, pode ter se surpreendido com a verdadeira aula sobre como organizar uma campanha política que foi dada pelos representantes dos grandes veículos de comunicação nesta segunda-feira, em São Paulo.

Promovido por um instituto defensor de valores como a economia de mercado e o direito à propriedade, e que tem entre seus conselheiros nomes como João Roberto Marinho, Roberto Civita, Eurípedes Alcântara e Pedro Bial, o fórum contou com o apoio de entidades como a Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), ANER (Associação Nacional de Editores de Revista), ANJ (Associação Nacional de Jornais) e Abap (Associação Brasileira de Agências de Publicidade). E dedicou boa parte das suas discussões ao que os palestrantes consideram um risco para a democracia brasileira: a eleição de Dilma Rousseff.

A explicação foi inicialmente dada pelo sociólogo Demétrio Magnoli, que passou os últimos anos combatendo, nos noticiários e páginas dos grandes veículos, políticas de ação afirmativa como as cotas para negros nas universidades. Segundo ele, no início de sua história, o PT abrangia em sua composição uma diversidade maior de correntes, incluindo a presença de lideranças social-democratas. Hoje, para Magnoli, o partido é um aparato controlado por sindicalistas e castristas, que têm respondido a suas bases pela retomada e restauração de um programa político reminiscente dos antigos partidos comunistas.

“Ao longo das quatro candidaturas de Lula, o PT realizou uma mudança muito importante em relação à economia. Mas ao mesmo tempo em que o governo adota um programa econômico ortodoxo e princípios da economia de mercado, o PT dá marcha ré em todos os assuntos que se referem à democracia. Como contraponto à adesão à economia de mercado, retoma as antigas idéias de partido dirigente e de democracia burguesa, cruciais num ideário anti-democrático, e consolida um aparato partidário muito forte que reduz brutalmente a diversidade política no PT. E este movimento é reforçado hoje pelo cenário de emergência do chavismo e pela aliança entre Venezuela e Cuba”, acredita. “O PT se tornou o maior partido do Brasil como fruto da democracia, mas é ambivalente em relação a esta democracia. Ele celebra a Venezuela de Chávez, aplaude o regime castrista em seus documentos oficiais e congressos, e solta uma nota oficial em apoio ao fechamento da RCTV”, diz.

A RCTV é a emissora de TV venezuelana que não teve sua concessão em canal aberto renovada por descumprir as leis do país e articular o golpe de 2000 contra o presidente Hugo Chávez, cujo presidente foi convidado de honra do evento do Instituto Millenium. Hoje, a RCTV opera apenas no cabo e segue enfrentando o governo por se recusar a cumprir a legislação nacional. Por esta atitude, Marcel Granier é considerado pelos organizadores do Fórum um símbolo mundial da luta pela liberdade de expressão – um direito a que, acreditam, o PT também é contra.

“O PT é um partido contra a liberdade de expressão. Não há dúvidas em relação a isso. Mas no Brasil vivemos um debate democrático e o PT, por intermédio do cerceamento da liberdade de imprensa, propõe subverter a democracia pelos processos democráticos”, declarou o filósofo Denis Rosenfield. “A idéia de controle social da mídia é oficial nos programas do PT. O partido poderia ter se tornado social-democrata, mas decidiu que seu caminho seria de restauração stalinista. E não por acaso o centro desta restauração stalinista é o ataque verbal à liberdade de imprensa e expressão”, completou Magnoli.

O tal ataque
Para os pensadores da mídia de direita, o cerco à liberdade de expressão não é novidade no Brasil. E tal cerceamento não nasce da brutal concentração da propriedade dos meios de comunicação característica do Brasil, mas vem se manifestando há anos em iniciativas do governo Lula, em projetos com o da Ancinav, que pretendia criar uma agência de regulação do setor audiovisual, considerado “autoritário, burocratizante, concentracionista e estatizante” pelos palestrantes do Fórum, e do Conselho Federal de Jornalistas, que tinha como prerrogativa fiscalizar o exercício da profissão no país.

“Se o CFJ tivesse vingado, o governo deteria o controle absoluto de uma atividade cuja liberdade está garantida na Constituição Federal. O veneno antidemocrático era forte demais. Mas o governo não desiste. Tanto que em novembro, o Diretório Nacional do PT aprovou propostas para a Conferência Nacional de Comunicação defendendo mecanismos de controle público e sanções à imprensa”, avalia o articulista do Estadão e conhecido membro da Opus Dei, Carlos Alberto Di Franco.

“Tínhamos um partido que passou 20 anos fazendo guerra de valores, sabotando tentativas, atrapalhadas ou não, de estabilização, e que chegou em 2002 com chances de vencer as eleições. E todos os setores acreditaram que eles não queriam fazer o socialismo. Eles nos ofereceram estabilidade e por isso aceitamos tudo”, lamenta Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, que faz questão de assumir que Fernando Henrique Cardoso está à sua esquerda e para quem o DEM não defende os verdadeiros valores de direita. “A guerra da democracia do lado de cá esta sendo perdida”, disse, num momento de desespero.

O deputado petista Antonio Palocci, convidado do evento, até tentou tranqüilizar os participantes, dizendo que não vê no horizonte nenhum risco à liberdade de expressão no Brasil e que o Presidente Lula respeita e defende a liberdade de imprensa. O ministro Hélio Costa, velho amigo e conhecido dos donos da mídia, também. “Durante os procedimentos que levaram à Conferência de Comunicação, o governo foi unânime ao dizer que em hipótese alguma aceitaria uma discussão sobre o controle social da mídia. Isso não será permitido discutir, do ponto de vista governamental, porque consideramos absolutamente intocável”, garantiu.

Mas não adiantou. Nesta análise criteriosa sobre o Partido dos Trabalhadores, houve quem teorizasse até sobre os malefícios da militância partidária. Roberto Romano, convidado para falar em uma mesa sobre Estado Democrático de Direito, foi categórico ao atacar a prática política e apresentar elementos para a teoria da conspiração que ali se construía, defendendo a necessidade de surgimento de um partido de direita no país para quebrar o monopólio progressivo da esquerda.

“O partido de militantes é um partido de corrosão de caráter. Você não tem mais, por exemplo, juiz ou jornalista; tem um militante que responde ao seu dirigente partidário (...) Há uma cultura da militância por baixo, que faz com que essas pessoas militem nos órgãos públicos. E a escolha do militante vai até a morte. (...) Você tem grupos políticos nas redações que se dão ao direito de fazer censura. Não é por acaso que o PT tem uma massa de pessoas que considera toda a imprensa burguesa como criminosa e mentirosa”, explica.

O “risco Dilma”
Convictos da imposição pelo presente governo de uma visão de mundo hegemônica e de um único conjunto de valores, que estaria lentamente sedimentando-se no país pelas ações do Presidente Lula, os debatedores do Fórum Democracia e Liberdade de Expressão apresentaram aos cerca de 180 presentes e aos internautas que acompanharam o evento pela rede mundial de computadores os riscos de uma eventual eleição de Dilma Rousseff. A análise é simples: ao contrário de Lula, que possui uma “autonomia bonapartista” em relação ao PT, a sustentação de Dilma depende fundamentalmente do Partido dos Trabalhadores. E isso, por si só, já representa um perigo para a democracia e a liberdade de expressão no Brasil.

“O que está na cabeça de quem pode assumir em definitivo o poder no país é um patrimonialismo de Estado. Lula, com seu temperamento conciliador, teve o mérito real de manter os bolcheviques e jacobinos fora do poder. Mas conheço a cabeça de comunistas, fui do PC, e isso não muda, é feito pedra. O perigo é que a cabeça deste novo patrimonialismo de estado acha que a sociedade não merece confiança. Se sentem realmente superiores a nós, donos de uma linha justa, com direito de dominar e corrigir a sociedade segundo seus direitos ideológicos”, afirma o cineasta e comentarista da Rede Globo, Arnaldo Jabor. “Minha preocupação é que se o próximo governo for da Dilma, será uma infiltração infinitas de formigas neste país. Quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vaccarezza. A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo”, alerta Jabor.

Para Denis Rosenfield, ao contrário de Lula, que ganhou as eleições fazendo um movimento para o centro do espectro político, Dilma e o PT radicalizaram o discurso por intermédio do debate de idéias em torno do Programa Nacional de Direitos Humanos 3, lançado pelo governo no final do ano passado. “Observamos no Brasil tendências cada vez maiores de cerceamento da liberdade de expressão. Além do CFJ e da Ancinav, tem a Conferência Nacional de Comunicação, o PNDH-3 e a Conferência de Cultura. Então o projeto é claro. Só não vê coerência quem não quer”, afirma. “Se muitas das intenções do PT não foram realizadas não foi por ausência de vontades, mas por ausência de condições, sobretudo porque a mídia é atuante”, admite.

Hora de reagir
E foi essa atuação consistente que o Instituto Millenium cobrou da imprensa brasileira. Sair da abstração literária e partir para o ataque.
“Se o Serra ganhasse, faríamos uma festa em termos das liberdades. Seria ruim para os fumantes, mas mudaria muito em relação à liberdade de expressão. Mas a perspectiva é que a Dilma vença”, alertou Demétrio Magnoli.

“Então o perigo maior que nos ronda é ficar abstratos enquanto os outros são objetivos e obstinados, furando nossa resistência. A classe, o grupo e as pessoas ligadas à imprensa têm que ter uma atitude ofensiva e não defensiva. Temos que combater os indícios, que estão todos aí. O mundo hoje é de muita liberdade de expressão, inclusive tecnológica, e isso provoca revolta nos velhos esquerdistas. Por isso tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução. Senão isso se esvai. Nossa atitude tem que ser agressiva”, disse Jabor, convocando os presentes para a guerra ideológica.

“Na hora em que a imprensa decidir e passar a defender os valores que são da democracia, da economia de mercado e do individualismo, e que não se vai dar trela para quem quer a solapar, começaremos a mudar uma certa cultura”, prevê Reinaldo Azevedo.

Um último conselho foi dado aos veículos de imprensa: assumam publicamente a candidatura que vão apoiar. Espera-se que ao menos esta recomendação seja seguida, para que a posição da grande mídia não seja conhecida apenas por aqueles que puderam pagar R$ 500,00 pela oficina de campanha eleitoral dada nesta segunda-feira.


Do Vermelho

Manifestação irreverente contesta o monopólio da mídia

“Hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor!”. Com este tom irreverente, a manifestação “Fórum de Rua Democracia e Liberdade de Expressão – contra a criminalização dos movimentos sociais” montou um verdadeiro circo, nesta segunda-feira (1/3), em frente ao hotel Golden Tulip, onde ocorria o 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, que reuniu representantes da Veja, da Folha de S. Paulo, do Estadão, da Globo, entre outros, além do apoio da Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (Abert) e da Associação Nacional dos Jornais (ANJ). Para se inscrever em tal Fórum, o ingresso custava nada menos que 500 reais. Impossibilitados, portanto, de participar do debate diretamente com os “barões da mídia”, os movimentos resolveram protestar contra o oligopólio dos meios de comunicação em frente ao evento.

A chamada para o Fórum de Rua era “Se você também acha que a mídia é uma palhaçada, venha vestido a caráter”, e, assim, palhaços, bobos-da-corte e as mais diversas formas de caracterização, com direito a chapéus engraçados e narizes de palhaço, tomaram conta daquele trecho da Alameda Santos, junto a faixas e cartazes em defesa da liberdade de expressão para o povo.

Matéria do G1 noticiando o evento do Instituto Millenium informa que “A democracia e a liberdade de imprensa estão em perigo na América Latina e países como o Brasil e o Chile seriam os modelos a ser seguidos, segundo jornalistas latino-americanos opositores ao governo de seus países que participaram nesta segunda (1º), em São Paulo, do painel de abertura do 1º Fórum Democracia & Liberdade de Expressão”. Este foi o tom da cobertura de todos os grandes veículos de comunicação sobre o pomposo evento.

Os fujões da Confecom

"Eles fugiram do debate na Confecom e agora querem debater democracia e liberdade de expressão, que liberdade é essa? Deve ser a liberdade do monopólio", conclui o representante da Associação Vermelho Altamiro Borges, conhecido pelo movimento por Miro. O Fórum de Rua é uma iniciativa de entidades da sociedade civil que se organizaram para participar da Primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) e agora decidiram manter um fórum permanente de debates. Esta é a primeira de uma série de manifestações de ruas e ações que este fórum pretende realizar, segundo Miro.

Durante a atividade, ao menos três viaturas da Polícia Militar se aproximaram dos manifestantes e se enfileiraram à frente do hotel. À presença da polícia, o representante do Intervozes João Brant ironizou: “quero agradecer a presença da polícia de São Paulo, pois de fato há muitos bandidos aí dentro deste hotel, como aquele que era presidente da RCTV, da Venezuela, e muitos outros... há muita gente perigosa aí, agradecemos vocês virem nos proteger”.

O Fórum de Rua contou com participação de diversas entidades da sociedade civil, como a União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), o Coletivo Intervozes, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Associação Portal Vermelho, a Articulação Mulher e Mídia, a Marcha Mundial de Mulheres, a União da Juventude Socialista (UJS), a Revista Viração, o Conselho Regional de Psicologia, o sindicato dos Radialistas, entre outros.