6 de março de 2010

Piracicaba - parte 3

A modernização da produção de açúcar.


O processo de substituição dos antigos engenhos de açúcar pelas modernas usinas se iniciou em 1875, quando o governo suspendeu as taxas de importação dos equipamentos necessários para a instalação e funcionamento dos primeiros empreendimentos, denominados na época de Engenhos Centrais. Os novos investimentos contavam também com garantias financeiras oferecidas pelo Banco de Crédito Real às companhias que se dispusessem a fabricar açúcar de forma industrial.

Essas usinas pioneiras utilizavam técnicas industriais avançadas em relação aos antigos engenhos, o que criava conflitos entre as empresas e a ainda arcaica e insuficiente produção de cana-de-açúcar no país. Assim, gradativamente a cana começou a ser plantada pelas próprias usinas, que paralelamente foram incorporando os antigos engenhos.

Esse processo repercutiu na estrutura econômica e social do município; os plantios efetuados pelas usinas e as diversas fazendas anexadas deram origem a grande produção da cana, com a utilização de mão-de-obra assalariada no campo. Nos estabelecimentos industriais das usinas, a grande demande de mão-de-obra possibilitou o surgimento do proletariado industrial já no final do século XIX.

Destacamos ainda que São Paulo não foi pioneiro na instalação de usinas de açúcar no país, provavelmente devido à importância do café na economia estadual, que concentrava quase todos os investimentos.

O primeiro grande empreendimento paulista foi justamente o Engenho Central de Piracicaba, inaugurado em 1883 às margens do rio, que tinha na força de suas águas a energia necessária para mover o maquinário de origem francesa. Curiosamente, o Engenho Central de Piracicaba é um dos poucos casos de investimentos externos na produção de açúcar, pois foi criado em uma aliança entre capitais locais (Barão de Rezende e Barão de Serra Negra) e franceses, de onde surgiu a “Societé Sucrérie Brésilienne”.

O Engenho Central de Piracicaba já surge como o maior centro de produção de açúcar regional, com 30 mil arrobas em 1884, contra 18 mil de todos os outros engenhos menores.

Em 1889, Piracicaba presenciara o surgimento de outra grande usina de açúcar, graças à modernização do antigo engenho Monte Alegre, executado com fundos do Banco Real de São Paulo. Nas décadas seguintes, a usina Monte Alegre apresentaria grande crescimento, tornando-se, juntamente com o Engenho Central, um dos maiores complexos agro-industriais do açúcar em São Paulo.

Importante considerarmos que esses investimentos ocorrem em um período pouco propício ao comércio internacional de açúcar e auge da produção cafeeira, cultura que chegou a substituir a cana como principal produto agrícola municipal.

O aumento, em números absolutos, da produção de açúcar era sustentado basicamente pelo mercado interno em crescimento, graças ao aumento populacional e a implantação do trabalho assalariado em São Paulo. A tomada do mercado paulista pela produção local resultaria na quebra de diversos engenhos do nordeste brasileiro, que se viram alijados do mercado interno e externo do açúcar.