5 de março de 2010

Piracicaba - Parte 1

Povoamento


As terras que atualmente pertencem ao município de Piracicaba começaram a ser ocupadas por descendentes europeus na 1ª metade do século XVIII.

O porto de Araratiguaba (Porto Feliz), no Rio Tiête, era o núcleo de povoamento mais a oeste do território paulista; a partir do porto, a navegação fluvial para o interior apresentava diversas dificuldades e perigos.

Com a descoberta das minas de Cuiabá, em 1718, inicia-se a abertura de um percurso terrestre a partir da Vila de Itú, o qual, em 1726, atravessava o rio Piracicaba logo abaixo de seu salto, onde, no inverno, as secas permitiam a passagem.

A via de acesso para as minas de Cuiabá logo foi abandonada, mas as áreas próximas ao rio Piracicaba atraíram posseiros que sobreviviam com base na pesca e na agricultura.

Na 2ª metade do século XVIII o povoamento de Piracicaba foi oficializado (1767), missão dada ao capitão Antônio Corrêa Barbosa, o “Povoador”. O capitão foi responsabilizado pela criação de um núcleo de abastecimento para a colônia militar de Iguatemi, posto avançado da defesa brasileira na fronteira com as terras paraguaias.

Mas quando o “Povoador” chegou às terras próximas ao salto do Piracicaba, encontrou pequenos agricultores posseiros instalados ali há quase 50 anos. Dessa forma, a origem de Piracicaba está ligada ao rio e, com mais importância, a terra, e não como um local de “pouso” ou de passagem. Por esse motivo, quando Iguatemi cai em poder dos espanhóis (1777), apesar do abalo econômico sofrido pelo povoado, não ocorre o abandono da região pelos posseiros, dedicados a atividade agrícola.


Os primeiros engenhos de açúcar


Paralelamente aos acontecimentos nas margens do rio Piracicaba, o fim do século XVIII é marcado por um período de transição na economia brasileira, caracterizado pela decadência da atividade mineradora (ouro) e a revalorização da produção de açúcar. No estado de São Paulo, o mais tradicional centro canavieiro era Itu, que abastecia o mercado local.

Além do declínio do ouro, o renascimento da agricultura brasileira deve-se a estímulos favoráveis do comércio internacional, como o aumento da população européia, resultando em maior consumo, e aos conflitos entre as nações do velho continente que, devido a “neutralidade” portuguesa, praticamente não atingiam as exportações brasileiras. Graças a esses estímulos e ao apoio do governo da província, a expansão da cultura da cana, partindo da região de Itú, atinge as terras de Piracicaba, transformando-se em sua principal atividade econômica.

Acompanhando a expansão da cana instalam-se engenhos de açúcar e de aguardente, primeiras atividades industriais de Piracicaba e que seriam fundamentais em todo o processo de industrialização do município.

As terras roxas presentes nas primeiras áreas ocupadas de Piracicaba possibilitavam uma produtividade maior para os canaviais, tornando-se o principal fator de atração para a instalação de novas empresas. Em 1816, Piracicaba possuía 14 engenhos de açúcar, 4 de aguardente e 12 estabelecimentos em processo de instalação.

Ao se transformar em Vila Nova da Constituição, independente administrativamente de Itú, Piracicaba já constituía um núcleo de povoamento todo cercado por engenhos e canaviais, com uma grande distinção na forma de ocupação do solo: nas grandes propriedades, a presença da cana e dos engenhos de açúcar; nas pequenas e médias fazendas, geralmente mais afastadas, pecuária e agricultura de subsistência.

Na 1ª metade do século XIX, Piracicaba superava Itu na produção de açúcar, respondendo por 20% da produção estadual do produto. Entretanto, a exportação da produção brasileira passou a enfrentar problemas na década de 1830, provocados pelo desenvolvimento da produção nas colônias e o constante aumento da produção européia do açúcar de beterraba, cultivado na Prússia desde 1812.

A estagnação da produção paulista de açúcar ocorreu paralelamente à expansão do café, que vinha obtendo excelentes preços no mercado internacional.