27 de fevereiro de 2009

O PIG - desabafo




Pra quem ainda não conhece essa sigla, o PIG, ela foi criada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog Conversa Afiada, significa Partido da Imprensa Golpista.


Os “jornalões” , a televisão dos Marinho e a péssima revista da família Civita não publicam uma só linha sem adaptar os fatos aos seus interesses, vejamos alguns exemplos:


1) A Veja teve os seus bons momentos quando dirigida por Mino Carta, mas hoje é o pior exemplo de jornalismo que existe no país. Nem podemos dizer que ela defende a oposição ao governo, porque ela é a oposição, a mais radical e burra que temos no país. “Colunistas” de aluguel como Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo dão nojo.

Não temos como reduzir as falcatruas da revista num curto espaço, então indicamos a leitura do Dossiê Veja, do jornalista Luis Nassif (clique aqui)


2) Recentemente a Folha publicou um editorial chamando a Ditadura militar brasileira de “DITABRANDA”, numa clara tentativa de reinterpretar a história recente do país segundo seus interesses. Diversos intelectuais escreveram para a Folha indignados e receberam uma resposta pouco educada. Percebendo que o assunto levantava intenso debate, o jornal simplesmente parou de publicar qualquer coisa a respeito, ou seja, tema que não interessa morre.

Não é difícil entender as tentativas da grande imprensa de diminuir a tragédia nacional que foi a ditadura militar, pois a mídia estava diretamente vinculada com a sustentação do golpe e do regime autoritário. Existe até tese de doutorado provando essa relação. (clique aqui)


3) A grande mídia não se contenta em comunicar os fatos, ela os manipula, como por exemplos nos vários casos de denuncias de corrupção nos governos. Quando Roberto Jefferson, em 2005 deu uma entrevista à Folha acusando o governo Lula, a chamada de capa do Jornal foi “PT dava mesada de R$ 30 mil a parlamentares, diz Jefferson". Quando em 2009 a deputada Luciana Genro acusa o Governo PSDB-RS, a chamada é "Sem provas, PSOL acusa tucanos de corrupção no RS", com um grande detalhe, o caso gaúcho saiu numa nota no final da 1ª pagina, não como chamada de capa do jornal.

A questão é ainda mais complicada, o caso gaúcho envolve inclusive um assassinato, Marcelo Cavalcant, ex-assessor de Yeda Crusius, apareceu morto em Brasília. Ele deveria ter uma reunião com o Ministério Público Federal após o Carnaval.

Imaginem o comportamento da mídia se acontecesse algo semelhante com um assessor petista que fosse depor num caso de corrupção.


O que a grande mídia parece não perceber é que seu poder de “formadora de opinião” está cada vez mais reduzido. Leitores de Veja querem saber das frases dos famosos e das fotos de mulheres semi-nuas. Leitores de jornais estão cada vez mais raros, os poucos se interessam pelo caderno de esportes ou o horóscopo. Os telespectador da Globo não se importam com Miriam Porção ou Carlos Sardenberg e suas previsões trágicas, o que importa é que a vida melhorou, a pobreza diminuiu (31% entre 2003 e 2008, segundo o IPEA), e contra os fatos positivos a mídia se cala, (como quando o Jornal Nacional não divulgou a melhora na aprovação do Governo Lula,que está em 84%)


Ah, claro, pra não dizer que não falei nada de carnaval



17 de fevereiro de 2009

Volta às aulas

Homenagem aos meus ex-alunos.
Sentirei saudade (só de alguns) hehehehehehe


16 de fevereiro de 2009

Uma cidade diferente de tudo o que eu conhecia

Passar uns dias na cidade de Palmas está sendo uma experiência bastante diferente, a ponto de eu ainda não ter uma resposta bem formulada para a pergunta: “gostou da cidade?”.

Palmas é uma cidade planejada, muito jovem (vai fazer 20 anos), de largas avenidas e com pequena população. Lembra um pouco Brasília, mas sem 90% das pessoas, sem as cidades satélites ou a elite política; de arquitetura parecida, mas muito diferente espacialmente ou socialmente.

As avenidas, que aqui são numeradas, cortam a cidade no sentido norte-sul ou leste-oeste. Em geral, elas são largas, possuem canteiro central gramado e dos dois lados existem grandes espaços para estacionamento de carros. Nas vias principais, arrisco a dizer que para um pedestre atravessar a rua, de uma calçada à outra, seria necessário andar por no mínimo 40 metros.

Para os viajantes que tem o habito de andar a pé pelo centro das cidades que visitam, Palmas não é muito agradável, não há nenhum centro tradicional, onde se possa passar por varias lojas, praças, mercados etc andando pouco. Geograficamente falando, a cidade foi planejada dando ênfase aos fluxos, ou seja, o carro, o avião, as telecomunicações.

A cidade possui uma população pequena, menos de 200 mil habitantes, espalhados por grandes quadras (como se chamam os quarteirões por aqui), onde os prédios são raros, e quando existem, não possuem muitos andares. Aparentemente, diferente de Cuiabá - MT, a população de Palmas tem origem nas regiões do Nordeste ou Norte do país, com poucos gaúchos, paulistas etc.

A maioria das cidades do Tocantins sobrevivem com verbas enviadas pelo Governo Federal, a economia estadual está baseada na soja e na pecuária, mas existem muitos investimentos recentes em irrigação, fruticultura e na produção de biodiesel, o que pode fazer o estado crescer bastante nas próximas décadas, favorecendo a cidade de Palmas.

Quem visita a cidade tem sempre a impressão de que os planejadores imaginam essa cidade maior do que ela realmente é, ou seja, Palmas não é uma cidade para agora, mas para o futuro. O problema é que nem sempre o desenvolvimento do capitalismo acompanha os desejos dos planejadores, se o desenvolvimento não vier, Palmas corre um sério risco de se transformar num gigante “elefante branco” no meio do cerrado brasileiro, uma irmã pobre de Brasília que tambem banca seus sonhos de cidade do futuro com verbas drenadas de outras regiões do país.

Mas quanto ao futuro, nem os mais geniais pensadores acertaram suas previsões......

15 de fevereiro de 2009

Palmas-TO

Área central de Palmas:



só pra ter uma idéia, em breve escreverei sobre a cidade.

12 de fevereiro de 2009

Da necessidade de se conviver com o diferente


Escrever algo no meu perfil é muito mais difícil do que falar bobagens com amigos ou inventar um texto qualquer para o blog, mas geralmente acabo escrevendo adjetivos muito contraditórios, opostos, ou coisas que mais confundiriam as pessoas interessadas em saber mais sobre mim ou o que penso.

As minhas idéias podem ficar para um outro dia e muitas delas já começaram a aparecer aqui, mas o que penso ser mais importante é a forma como eu procuro sempre lidar com as opiniões diferentes, no mínimo tentando entender suas idéias antes de criticar as mesmas. Essa prática vale pra tudo, nas diferentes culturas regionais com as quais temos contato em viagens, no mundo acadêmico, na política e especialmente quando se trata de religião.

Creio que a valorização da nossa cultura, das nossas crenças, é algo muito importante, pois ajuda a nos conhecermos melhor, resgatarmos nossa história. Porem, isso não deve em momento algum ser utilizado para reduzir aquilo que destoa, o diferente de nós. Reconhecer nossos costumes como algo importante, que deve ser estudado, preservado, não significa atacar os diferentes, considerando os mesmos como prejudiciais ou verdadeiros “inimigos” do que acreditamos.

Basicamente temos duas opções, ou aprendemos a lidar com a diferença, ou nos isolamos. Nesse último caso, condenamos o diferente (apenas por não ser igual a nós) e justificamos ou abafamos todas as besteiras que os “nossos” podem ter feito em nome dessa necessidade de nos preservarmos daqueles que são diferentes, os “outros”, como no seriado Lost, ou na questão Palestina-Israel, você escolhe.

É claro que ninguém é obrigado a fazer o que não quer, participar de um culto no qual não acredita, ou deixar de educar seus filhos com base naquilo que pensa. Mas ninguém tem o direito de impor aos demais suas idéias, ou não permitir que alguém as pratique. É por isso que um estado laico é tão importante.

Aborto não é assunto da Igreja fora da mesma, é assunto de saúde pública. A questão da palestina nunca foi um tema religioso, é questão de dois povos que tem o legítimo direito de existirem, de terem o seu estado, da mesma forma que curdos, bascos etc.

Afastar o diferente não resolve, nunca resolveu:





Berlim


EUA - México


Israel - Palestina



São Paulo




Melhor aprender a conviver

Que puxa, Charlie Brown


11 de fevereiro de 2009

Geografia Cultural no início do século XXI

Durante um longo período no qual a chamada Geografia quantitativa reinou soberana entre os geógrafos americanos, a Escola de Berkley e principalmente o geógrafo Carl Sauer publicavam trabalhos promovendo um enfoque cultural, influenciado pela fenomenologia.

Considerados como a matriz filosófica da Geografia Cultural, os textos de Carl Sauer foram severamente criticados, tanto por positivistas como pela Geografia radical, devido ao aparente estimulo as tradições, ou contra o desenvolvimento, em suas análises.

A Geografia cultural ressurgiu no final do século XX com o resgate crítico de suas obras clássicas pela Geógrafo francês Paul Claval. Graças a grande influencia desse professor, e da Geografia francesa no Brasil, muitos Geógrafos brasileiros passaram a se dedicar a estudos culturais, o que pode ser visto na Conferencia de Geografia Cultural da UGI que ocorreu em 2003 na cidade do Rio de Janeiro, onde se encontra o principal pólo propagador dessas idéias no país.

Entre as obras publicadas no Brasil, temos o livro “Geografia Cultural” de Paul Claval, os periódicos da UERJ, e a coletânea “Geografia: leituras culturais”, organizada por professora da UFG.

A Geografia Cultural brasileira da destaque as relações entre cultura, a percepção da paisagem, e o simbolismo embutido nas relações espaciais. Trata-se de estudar os objetos pela forma como esses são vistos, percebidos, ou sentidos pelo sujeito. Como exemplos, podemos citar: os estudos sobre a territorialização (no sentido de poder) da Igreja Católica, caracterizando os espaços como sagrados ou profanos; e os trabalhos que valorizam as culturas regionais, como festas, crenças ou costumes.

Considerada dentro de uma realidade pós-moderna, onde os diferentes enfoques não se anulam, mas se complementam, a Geografia cultural pode fornecer uma base para o fortalecimentos de horizontalidades, não apenas entre as pessoas, mas como uma relação entre a sociedade local e seus espaço vivido, a sua paisagem, no enfrentamento dos fluxos homogeneizadores da globalização capitalista.

6 de fevereiro de 2009

Mafalda

Geografia Urbana de Piracicaba - Parte 1

Centralização


Característica comum das cidades, a área central concentra as principais atividades comerciais e de serviços, bem como os terminais de transporte.


O centro, historicamente, desfruta da máxima acessibilidade dentro do espaço urbano, ou seja, o deslocamento centro-bairro é sempre mais fácil do que os deslocamentos bairro-bairro (especialmente aos usuários de transporte coletivo). A localização central é essencial para muitas atividades comerciais, como aquelas que necessitam da “aglomeração” para maximizar os seus lucros, por exemplo: os escritórios, os bancos, o comércio de bens duráveis e as grandes lojas do varejo (Casas Bahia etc).


A área central da cidade acaba sendo caracterizada como o local onde a população pode encontrar produtos e serviços que muitas vezes só são encontrados ali, transformando-se também na principal localidade das ofertas de emprego do setor terciário (comércio, serviços).


Antigamente o centro possuía muitas indústrias, mas devido às “deseconomias” de aglomeração (prejuízos), estas passaram a se instalar em áreas mais afastadas.


Em Piracicaba a área do centro tradicional é bastante nítida, incorporando à Rua Governador Pedro de Toledo e seus arredores (observe na foto, à esquerda). No entanto, a cidade passou por um processo grande de descentralização nas ultimas décadas, conforme veremos no próximo tópico.



4 de fevereiro de 2009

Notas sobre a Geografia Urbana de Piracicaba – Introdução

Vista como uma expressão concreta de processos sociais (da sociedade), a cidade é um dos principais objetos de estudo da Geografia. Ao longo da história, esses processos, que atuam sobre o ambiente físico onde se encontra a cidade, produzem uma certa organização espacial urbana.


Entre os processos sociais e a organização espacial existe um mediador, que possibilita aos primeiros se transformarem em forma, conteúdo e movimento no espaço das cidades. Essa mediação é constituída por “forças” ou “tendências” que atuam historicamente, permitindo localizações, relocalizações e a permanência (ou não) de certas atividades e da população nas áreas urbanas.


Na geografia, essas tendências são denominadas “processos espaciais”, responsáveis pela organização complexa do espaço urbano. Esses processos estão ligados aos atores que modelam a cidade, tais como: construtoras, proprietários de terras, investidores, imobiliárias, e o Estado, que também atua como mediador dos conflitos entre os outros agentes.


Os processos espaciais são os seguintes:

1) Centralização

2) Descentralização

3) Coesão

4) Segregação

5) Invasão-sucessão

6) Inércia


Nos próximos textos vou tentar explicar alguns processos espaciais de forma simples, relacionando-os à realidade da cidade de Piracicaba-SP.

2 de fevereiro de 2009

Os conservadores deles são muito melhores que os nossos

Recentemente tenho “devorado” tudo que encontro na Internet em relação aos Fóruns Mundiais, tanto o Social em Belém-PA quanto o econômico em Davos. É curioso como o Fórum Social vem crescendo ano a ano, apesar de ignorado pela imprensa, e o Fórum Econômico teve que admitir em seus debates temas tão diferentes daqueles que eram discutidos nos anos 90.


Infelizmente boa parte da nossa elite intelectual não percebe as mudanças que vem ocorrendo, passam mais tempo reclamando do que da certo (apesar deles) do que buscando entender os reais motivos dos grandes problemas da sociedade.


A cada dia o mundo narrado pelos grandes jornais me parece mais distante do mundo real. Não é de se estranhar que tantos grupos de comunicação tenham sido atingidos em cheio pela crise e estejam com problemas financeiros. Vejamos um exemplo:


Apesar da mídia brasileira abraçar o discurso do “deus-mercado” e condenar a qualquer coisa que possa parecer estatal, pública, ou intervencionista, a crítica e a revisão das idéias liberais ganham força em todo o mundo, e não são feitas apenas por comunistas, ou aqueles que não perceberam que o Muro de Berlim caiu, mas também pelos próprios defensores desse pensamento. Que liberal não enaltece as práticas de Margareth Thatcher e do partido conservador inglês? Pois bem, leiam o discurso do líder desse mesmo partido em Davos (clique aqui), do qual destaco apenas uma parte para ilustrar:


“It’s time to assert a fundamental truth: that markets are a means to an end, not an end in themselves. Markets are there to serve our society, not to suck the joy out of it or trample over its values. So we must shape capitalism to suit the needs of society; not shape society to suit the needs of capitalism.”


Você leu algum comentário sobre isso em algum jornal brasileiro? E sobre a discussão, em Davos, entre o primeiro-ministro turco e o presidente israelense? Pois é...



Ps. Ainda não é hora de entrar no debate sobre a questão palestina, na hora certa, tocarei no assunto com todo o cuidado que ele merece.