16 de fevereiro de 2009

Uma cidade diferente de tudo o que eu conhecia

Passar uns dias na cidade de Palmas está sendo uma experiência bastante diferente, a ponto de eu ainda não ter uma resposta bem formulada para a pergunta: “gostou da cidade?”.

Palmas é uma cidade planejada, muito jovem (vai fazer 20 anos), de largas avenidas e com pequena população. Lembra um pouco Brasília, mas sem 90% das pessoas, sem as cidades satélites ou a elite política; de arquitetura parecida, mas muito diferente espacialmente ou socialmente.

As avenidas, que aqui são numeradas, cortam a cidade no sentido norte-sul ou leste-oeste. Em geral, elas são largas, possuem canteiro central gramado e dos dois lados existem grandes espaços para estacionamento de carros. Nas vias principais, arrisco a dizer que para um pedestre atravessar a rua, de uma calçada à outra, seria necessário andar por no mínimo 40 metros.

Para os viajantes que tem o habito de andar a pé pelo centro das cidades que visitam, Palmas não é muito agradável, não há nenhum centro tradicional, onde se possa passar por varias lojas, praças, mercados etc andando pouco. Geograficamente falando, a cidade foi planejada dando ênfase aos fluxos, ou seja, o carro, o avião, as telecomunicações.

A cidade possui uma população pequena, menos de 200 mil habitantes, espalhados por grandes quadras (como se chamam os quarteirões por aqui), onde os prédios são raros, e quando existem, não possuem muitos andares. Aparentemente, diferente de Cuiabá - MT, a população de Palmas tem origem nas regiões do Nordeste ou Norte do país, com poucos gaúchos, paulistas etc.

A maioria das cidades do Tocantins sobrevivem com verbas enviadas pelo Governo Federal, a economia estadual está baseada na soja e na pecuária, mas existem muitos investimentos recentes em irrigação, fruticultura e na produção de biodiesel, o que pode fazer o estado crescer bastante nas próximas décadas, favorecendo a cidade de Palmas.

Quem visita a cidade tem sempre a impressão de que os planejadores imaginam essa cidade maior do que ela realmente é, ou seja, Palmas não é uma cidade para agora, mas para o futuro. O problema é que nem sempre o desenvolvimento do capitalismo acompanha os desejos dos planejadores, se o desenvolvimento não vier, Palmas corre um sério risco de se transformar num gigante “elefante branco” no meio do cerrado brasileiro, uma irmã pobre de Brasília que tambem banca seus sonhos de cidade do futuro com verbas drenadas de outras regiões do país.

Mas quanto ao futuro, nem os mais geniais pensadores acertaram suas previsões......