11 de fevereiro de 2009

Geografia Cultural no início do século XXI

Durante um longo período no qual a chamada Geografia quantitativa reinou soberana entre os geógrafos americanos, a Escola de Berkley e principalmente o geógrafo Carl Sauer publicavam trabalhos promovendo um enfoque cultural, influenciado pela fenomenologia.

Considerados como a matriz filosófica da Geografia Cultural, os textos de Carl Sauer foram severamente criticados, tanto por positivistas como pela Geografia radical, devido ao aparente estimulo as tradições, ou contra o desenvolvimento, em suas análises.

A Geografia cultural ressurgiu no final do século XX com o resgate crítico de suas obras clássicas pela Geógrafo francês Paul Claval. Graças a grande influencia desse professor, e da Geografia francesa no Brasil, muitos Geógrafos brasileiros passaram a se dedicar a estudos culturais, o que pode ser visto na Conferencia de Geografia Cultural da UGI que ocorreu em 2003 na cidade do Rio de Janeiro, onde se encontra o principal pólo propagador dessas idéias no país.

Entre as obras publicadas no Brasil, temos o livro “Geografia Cultural” de Paul Claval, os periódicos da UERJ, e a coletânea “Geografia: leituras culturais”, organizada por professora da UFG.

A Geografia Cultural brasileira da destaque as relações entre cultura, a percepção da paisagem, e o simbolismo embutido nas relações espaciais. Trata-se de estudar os objetos pela forma como esses são vistos, percebidos, ou sentidos pelo sujeito. Como exemplos, podemos citar: os estudos sobre a territorialização (no sentido de poder) da Igreja Católica, caracterizando os espaços como sagrados ou profanos; e os trabalhos que valorizam as culturas regionais, como festas, crenças ou costumes.

Considerada dentro de uma realidade pós-moderna, onde os diferentes enfoques não se anulam, mas se complementam, a Geografia cultural pode fornecer uma base para o fortalecimentos de horizontalidades, não apenas entre as pessoas, mas como uma relação entre a sociedade local e seus espaço vivido, a sua paisagem, no enfrentamento dos fluxos homogeneizadores da globalização capitalista.