30 de outubro de 2010

Debate

Do chato debate da Globo, restou uma frase de Dilma:

“quem cuida de pobre em São Paulo é o governo federal”


Essa foi boa.

26 de outubro de 2010

Finalmente!

Povo do marketing deu uma dentro

Mais 1 bom argumento pró Dilma

Olha que coisa

A CBN (eca!) entrevistou dois religiosos sobre as eleições de Domingo

Pra defender Dilma: Leonardo Boff


Pra defender Serra: Silas Malafia


Preciso falar algo mais?

ATO NA USP

INTELECTUAIS REUNIDOS FAZEM APELO À ESQUERDA

Heloísa Fernandes, filha de Florestan Fernandes, Alfredo Bosi e Marilena Chauí, entre outros, fizeram um apelo à esquerda para que não anule o voto no 2º turno. Os três falaram em ato pró-Dilma que reuniu mais de mil pessoas na USP, na noite desta 2º feira. Heloísa, socióloga, como Florestan, fez o discurso mais emocionado da noite. Afirmou que o pai gostaria de estar ali e disse ter votado em Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) no primeiro turno; agora apoia Dilma:"Discordo que não existam diferenças nem acho que os dois candidatos sejam farinha do mesmo saco." O profesor de literatura, Alfredo Bosi, foi igualmente enfático: "Nosso voto nãoé cego, é crítico. A confiança e a esperança não nos isentam de continuar lutando." (Carta Maior; 26-10)








23 de outubro de 2010

VotoSerrapq

Genial!




22 de outubro de 2010

20 de outubro de 2010

19 de outubro de 2010

Depoimentos

Leonardo Boff


Chico Buarque

Lula e os que se acovardam diante da mídia

14 de outubro de 2010

Brasil de Fato: Sobre sonhos e pesadelos

Se a Dilma não é o governo dos nossos sonhos, certamente o Serra é o governo dos nossos pesadelos

06/10/2010

Editorial ed. 397, Brasil de Fato

Concluído o primeiro turno do processo eleitoral, há inúmeras análises políticas que buscam interpretar o resultado das urnas e vislumbrar, de imediato, sinais dos possíveis resultados do segundo turno, que será realizado dia 31. Junto com tantas outras análises que surgirão, o trabalho dos marqueteiros dos partidos políticos que estão na disputa, a busca de alianças com os partidos derrotados e as mudanças no que insistem em denominar de programa de governo, na tentativa de agradar o senso comum, irão predominar nos espaços noticiosos até o último dia desse mês.

A campanha eleitoral ficou polarizada entre candidata do PT, Dilma Roussef e o candidato tucano José Serra. O resultado eleitoral, ainda por motivos não totalmente decifráveis, desfez essa polarização com os quase 20 milhões de votos que obteve a candidata Marina da Silva, do PV. Assim, não se concretizou a vitória da candidata do governo Lula no primeiro turno, como era a expectativa.

É possível que o fracasso da eleição plebiscitária – polarização entre o governo FHC e o governo Lula – se deva aos ataques e manipulações de baixo nível protagonizadas pela mídia burguesa, pela sórdida campanha realizada pelos setores religiosos mais conservadores das igrejas Católica e Evangélicas à candidatura de Dilma.

Mas também não é possível ignorar que uma parcela significativa dos eleitores se sentiu decepcionada com a despolitização da campanha, que se propunha a confrontar com o governo neoliberal dos tucanos. Denunciar os descalabros que sãos os 16 anos de administração tucana em São Paulo ficou ausente da campanha. A corrupção acobertada pelo domínio sobre as assembleias legislativas, sobre os tribunais de contas e setores do poder judiciário e completa subordinação da mídia aos seus interesses asseguram a impunidade dos governo tucanos e vicejam lideranças políticas sem nenhum compromisso com a ética e com a verdade. Deixar as bandeiras históricas da classe trabalhadora aos candidatos sem chances de vitória eleitoral foi um erro da candidata petista. Militantes sociais, mesmo decepcionados com o governo Lula, mas cientes do que significa uma vitória tucana, sentiram-se órfãos nessa campanha. Estavam sem porta-vozes das bandeiras das lutas populares e os discursos bem elaborados nos gabinetes acadêmicos não os seduziram.

Lastimável foi também a atuação das autoridades eleitorais nesse processo. A história há de registrar a participação ativa da controvertida vice-procuradora-geral eleitoral, doutora Sandra Cureau. Sua tentativa de cercear a revista Carta Capital, por não estar subordinada aos interesses do candidato tucano e a resposta do editor da publicação semanal, Mino Carta, estarão registrados tanto nas escolas de jornalismo quanto das do poder judiciário eleitoral.

Coube ainda ao poder judiciário deixar indefinida a questão da “ficha limpa”. Milhares de eleitores votaram em candidatos e candidatas que não sabiam se estavam ou não aptos para disputar a eleição. Se o Tribunal agora decidir pela inaptidão do candidato, seus eleitores fizeram a papel de bobos, não porque são, mas pela incompetência daquele.

O mesmo se pode dizer da exigência legal da documentação para votar. A lei exigia o título de eleitor e um documento oficial com foto. É a bizarra situação jurídica em que um documento oficial tem que comprovar a veracidade de outro documento. O Supremo Tribunal Federal revogou a lei e exigiu obrigatoriamente um documento oficial com foto. Jogou-se o título de eleitor, definido pelas autoridades eleitorais que não teria foto, na lata do lixo.

Coube ainda mais um deslize do Supremo Tribunal Federal: a descoberta de que um de seus membros, Gilmar Mendes, (Dantas, para alguns da mídia), foi monitorado pelo candidato tucano na sessão que julgou a necessidade ou não de dois documentos para votar. Até o momento, nenhum pronunciamento do STF sobre esse caso vergonhoso a que foi submetido. O impeachment do Mendes/Dantas se torna um imperativo.

Sobre a mídia burguesa, talvez tenha sido a maior conquista da sociedade brasileira nesse processo eleitoral. Ela mesma – frente à fragilidade dos partidos direitistas – se outorgou o papel de ser o partido de oposição ao governo Lula. Não poupou espaços em seus noticiários para algumas lideranças do campo de esquerda – desde que fosse para falar de escândalos pontuais e atacar a pessoalmente a candidata Dilma. Não hesitou em massacrar o currículo de vida de pessoas públicas, mesmo sem provas. Recorreu a receptador de cargas de mercadorias roubadas, repassador de notas falsas de dinheiro, condenado pela justiça, para noticiar fatos não comprovados. “Assassinou” um senador (Romeu Tuma) hospitalizado. Enfim, caiu a máscara da mídia burguesa. Ganhamos!

Nesse sentido, precisamos consolidar essa vitória conquistando uma lei de controle social sobre os meios de comunicação, que garantam a liberdade de expressão e o direito a informação ao povo brasileiro. A bandeira da democratização da comunicação é da esquerda e dos movimentos sociais, não dos demotucanos e dos proprietários dos meios de comunicação.

Agora é o espaço de luta do segundo turno das eleições. Não há espaço em cima do muro. Os movimentos populares da Via Campesina brasileira, já no início do processo eleitoral, tomaram a definição de impedir o retrocesso ao governo neoliberal, representado pela candidatura de José Serra.

É hora de levar essa decisão, buscando a unidade, com todos os movimentos populares, sindicais e estudantis, do campo e da cidade. Se a Dilma não é o governo dos nossos sonhos, certamente o Serra é o governo dos nossos pesadelos.

A psicologia de massa do fascismo à brasileira

"Há tempos alerto para a campanha de ódio que o pacto mídia-FHC estava plantando no jogo político brasileiro.

O momento é dos mais delicados. O país passa por profundos processos de transformação, com a entrada de milhões de pessoas no mercado de consumo e político. Pela primeira vez na história, abre-se espaço para um mercado de consumo de massa capaz de lançar o país na primeira divisão da economia mundial

Esses movimentos foram essenciais na construção de outras nações, mas sempre vieram acompanhados de tensões, conflitos, entre os que emergem buscando espaço, e os já estabelecidos impondo resistências.

Em outros países, essas tensões descambaram para guerras, como a da Secessão norte-americana, ou para movimentos totalitários, como o fascismo nos anos 20 na Europa.

Nos últimos anos, parecia que Lula completaria a travessia para o novo modelo reduzindo substancialmente os atritos. O reconhecimento do exterior ajudou a aplainar o pesado preconceito da classe média acuada. A estratégia política de juntar todas as peças – de multinacionais a pequenas empresas, do agronegócio à agricultura familiar, do mercado aos movimentos sociais – permitiu uma síntese admirável do novo país. O terrorismo midiático, levantando fantasmas com o MST, Bolívia, Venezuela, Cuba e outras bobagens, não passava de jogo de cena, no qual nem a própria mídia acreditava.

À falta de um projeto de país, esgotado o modelo no qual se escudou, FHC – seguido por seu discípulo José Serra – passou a apostar tudo na radicalização. Ajudou a referendar a idéia da república sindicalista, a espalhar rumores sobre tendências totalitárias de Lula, mesmo sabendo que tais temores eram infundados.

Em ambientes mais sérios do que nas entrevistas políticas aos jornais, o sociólogo FHC não endossava as afirmações irresponsáveis do político FHC.

Mas as sementes do ódio frutificaram. E agora explodem em sua plenitude, misturando a exploração dos preconceitos da classe média com o da religiosidade das classes mais simples de um candidato que, por muitos anos, parecia ser a encarnação do Brasil moderno e hoje representa o oportunismo mais deslavado da moderna história política brasileira.

O fascismo à brasileira

Se alguém pretende desenvolver alguma tese nova sobre a psicologia de massa do fascismo, no Brasil, aproveite. Nessas eleições, o clima que envolve algumas camadas da sociedade é o laboratório mais completo – e com acompanhamento online - de como é possível inculcar ódio, superstição e intolerância em classes sociais das mais variadas no Brasil urbano – supostamente o lado moderno da sociedade.

Dia desses, um pai relatou um caso de bullying com a filha, quando se declarou a favor de Dilma.

Em São Paulo esse clima está generalizado. Nos contatos com familiares, nesses feriados, recebi relatos de um sentimento difuso de ódio no ar como há muito tempo não se via, provavelmente nem na campanha do impeachment de Collor, talvez apenas em 1964, período em que amigos dedavam amigos e os piores sentimentos vinham à tona, da pequena cidade do interior à grande metrópole.

Agora, esse ódio não está poupando nenhum setor. É figadal, ostensivo, irracional, não se curvando a argumentos ou ponderações.

Minhas filhas menores freqüentam uma escola liberal, que estimula a tolerância em todos os níveis. Os relatos que me trazem é que qualquer opinião que não seja contra Dilma provoca o isolamento da colega. Outro pai de aluna do Vera Cruz me diz que as coleguinhas afirmam no recreio que Dilma é assassina.

Na empresa em que trabalha outra filha, toda a média gerência é furiosamente anti-Dilma. No primeiro turno, ela anunciou seu voto em Marina e foi cercada por colegas indignados. O mesmo ocorre no ambiente de trabalho de outra filha.

No domingo fui visitar uma tia na Vila Maria. O mesmo sentimento dos antidilmistas, virulento, agressivo, intimidador. Um amigo banqueiro ficou surpreso ao entrar no seu banco, na segunda, é captar as reações dos funcionários ao debate da Band.

A construção do ódio

Na base do ódio um trabalho da mídia de massa de martelar diariamente a história das duas caras, a guerrilha, o terrorismo, a ameaça de que sem Lula ela entregaria o país ao demonizado José Dirceu. Depois, o episódio da Erenice abrindo as comportas do que foi plantado.

Os desdobramentos são imprevisíveis e transcendem o processo eleitoral. A irresponsabilidade da mídia de massa e de um candidato de uma ambição sem limites conseguiu introjetar na sociedade brasileira uma intolerância que, em outros tempos, se resolvia com golpes de Estado. Agora, não, mas será um veneno violento que afetará o jogo político posterior, seja quem for o vencedor.

Que país sairá dessas eleições?, até desanima imaginar.

Mas demonstra cabalmente as dificuldades embutidas em qualquer espasmo de modernização brasileira, explica as raízes do subdesenvolvimento, a resistência história a qualquer processo de modernização. Não é a herança portuguesa. É a escassez de homens públicos de fôlego com responsabilidade institucional sobre o país. É a comprovação de porque o país sempre ficou para trás, abortou seus melhores momentos de modernização, apequenou-se nos momentos cruciais, cedendo a um vale-tudo sem projeto, uma guerra sem honra.

Seria interessante que o maior especialista da era da Internet, o espanhol Manuel Castells, em uma próxima vinda ao Brasil, convidado por seu amigo Fernando Henrique Cardoso, possa escapar da programação do Instituto FHC para entender um pouco melhor a irresponsabilidade, o egocentrismo absurdo que levou um ex-presidente a abrir mão da biografia por um último espasmo de poder. Sem se importar com o preço que o país poderia pagar. "

12 de outubro de 2010

Abortando a eleição

* por Otto Dana Lara, pároco da Igreja Sant’Ana, em Rio Claro/SP. Publicado no Jornal de Piracicaba, dia 12 de outubro de 2010.

"Brasileiros e Brasileiras! O capeta está solto! Empunhemos nossos terços e Bíblias e até Alcorões, se os houver! Herodes brande a espada afiada contra criancinhas do Brasil! Ergamos a fogueira! Queimemos os hereges! O aborto e os gays estão espreitando pela janela!

Gente do céu! Que tiririquice! Que babaquice mais que medieval. Que onda inquisitorial graçando em pleno século 21. A caça às bruxas. O extermínio dos veados. Cruz-credo! Xô, Satanás! Estamos apenas tentando eleger um presidente para o Brasil. Estamos discutindo propostas e projetos para uma boa administração do Brasil. Aborto, gueisismo, pílula, camisinha, não é prioridade no momento.

O processo eleitoral corria tranqüilo, dentro dos princípios democráticos: discute-aqui, denuncia-ali; promete-isso, condena-aquilo, tudo numa boa. De repente a serenidade é detonada por uma horda de aiatolás, talibãs, mulás, numa gritaria ensurdecedora contra os que ameaçam o poder do Altíssimo. Alguns vestidos de batina (ainda!), outros de mitra e báculo, outros de terno e gravata ostentando Bíblias, todos ecumenicamente de dedo em riste acusador: “Ela é a favor do aborto; ele apóia o casamento homem com homem, mulher com mulher; os dois defendem a distribuição de camisinhas até para as crianças da escola”.

Deus do céu! Que atraso! Que tiririquice! Para começar, arbitrar sobre aborto e formas de casamento é da competência do Congresso Nacional e não do presidente da República, que apenas sanciona ou veta a disposição do Congresso. Além do mais, aborto e casamento gay nem estão em pauta hoje.

Mais importante e pertinente agora é ouvir dos candidatos suas propostas e seus projetos concretos quanto a saúde, educação de qualidade, distribuição de renda, segurança da população, criação de empregos, formas de apropriação ou não do Estado, relações diplomáticas e econômicas com outros países, transporte, saneamento básico, liberdade de imprensa, desenvolvimento do país, programas sociais, etc etc.

E mais: estamos num país democrático, regido por uma Constituição Civil e não pelas tábuas da lei de Moisés. É um país democrático e laico e não teocrático, apesar de supostamente religioso. Sua capital é Brasília e não o Vaticano, nem a Canção Nova, nem a sede da Assembléia de Deus, nem a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).

Tentar manipular a consciência do eleitor, ameaçando-o com a ira de Deus, é injuriar o próprio Deus que nos criou livres. O dia em que o povo tiver que consultar um aiatolá de plantão tipo pastos Silas Malafaia, ou um padre José Augusto (Canção Nova) para votar, é melhor rasgar o título de eleitor e o estatuto da maioridade civil. O que vem se praticando em meios religiosos no momento é o aborto da eleição, da democracia, da Constituição e do bom senso. Xô, Satanás."

6 de outubro de 2010

O dilema das esquerdas, ou, de Marx a Yoda

“Quando não há contradição, não há movimento”

Marx

Quantas vezes já ouvi aquela velha besteira de que atualmente não existiria mais “esquerda” e “direita”. Por favor, isso é a ideologia da “não ideologia”, ou seja, da despolitização da sociedade, de que todos os políticos são iguais, de que a política não resolve nada etc.

A diferença é muito simples e pouco se alterou ao longo da história: “Esquerda” são aqueles que querem mudas as coisas, defendem o progresso da sociedade; “Direita” é o conservador, que defende as tradições e vê com maus olhos (tem medo) das mudanças. É de esquerda quem sonha com um mundo melhor, e é de direita quem diz que antigamente é que era bom.

Mas ao contrário da direita, unida na preservação de suas tradições, a esquerda dificilmente pode ser entendida no singular, pois, em geral, existem muitas esquerdas, muitas idéias e caminhos a percorrer para mudar o mundo.

Para onde vamos? Como vamos? O que precisamos mudar? Como seria um mundo melhor?

As respostas aos dilemas das esquerdas não são tão fáceis como para a direita. Essas diferenças entre os grupos mais progressistas geralmente acabam criando diversas facções, as quais, não raramente, acabam se digladiando tanto entre si como com a direita.

Na Guerra Civil espanhola, por exemplo, comunistas, socialistas e anarquistas lutavam não só contra o exercito de Franco, mas também entre eles. O resultado foi bastante previsível.

O grande desafio das esquerdas é o da união para enfrentar a direita. Mas isso não é nada fácil, até pela natureza do sentimento de “esquerda”.

Geralmente, quando um grupo de esquerda consegue conquistar o governo, logo terá que enfrentar, não só a oposição conservadora, como os descontentes da esquerda. Afinal, agora você (a esquerda) é o poder, todos as frustrações vão ser direcionados a você, especialmente aquela rebeldia juvenil, que terá em você o novo alvo.

Até o momento, a esquerda adotou duas estratégias quando governo: nos casos democráticos, respeitou e confrontou a dissidência de esquerda; já nas experiências totalitárias, dizimou seus opositores.

Infelizmente, o destino das experiências de governo de esquerda não são muito animadoras. No primeiro caso, democrático, a esquerda enfraquecida em seus confrontos internos acabou, invariavelmente, perdendo a batalha política com a direita. No segundo, totalitário, o resultado foi ainda pior, pois sem debate de idéias não temos como construir um mundo melhor, ou seja, a esquerda totalitária se transforma em direita, que só quer conservar os privilégios conquistados por essa nova classe de governantes.

Esse é o grande dilema das esquerdas: como fazer um governo democrático de esquerda sem ser consumido pelas diferenças.

Não podemos esquecer, a direta estará sempre ali, oferecendo o “fácil, a “ordem”, a “segurança”, em contraponto ao “medo” das mudanças propostas por nós.

E como diria o mestre Yoda “O medo é o caminho para o lado negro”

Dois projetos

Leonardo Boff, na Carta Maior

O Brasil está ainda em construção. Somos inteiros mas não acabados. Nas bases e nas discussões políticas sempre se suscita a questão: que Brasil finalmente queremos?

É então que surgem os vários projetos políticos elaborados a partir de forças sociais com seus interesses econômicos e ideológicos com os quais pretendem moldar o Brasil.

Agora, no segundo turno das eleições presidenciais, tais projetos repontam com clareza. É importante o cidadão consciente dar-se conta do que está em jogo para além das palavras e promessas e se colocar criticamente a questão: qual dos projetos atende melhor às urgências das maiorias que sempre foram as “humilhadas e ofendidas” e consideradas “zeros econômicos” pelo pouco que produzem e consomem.

Essas maiorias conseguiram se organizar, criar sua consciência própria, elaborar o seu projeto de Brasil e digamos, sinceramente, chegaram a fazer de alguém de seu meio, Presidente do pais, Luiz Inácio Lula da Silva. Fou uma virada de magnitude histórica.

Há dois projetos em ação: um é o neoliberal ainda vigente no mundo e no Brasil apesar da derrota de suas principais teses na crise econômico-financeira de 2008. Esse nome visa dissimular aos olhos de todos, o caráter altamente depredador do processo de acumulação, concentrador de renda que tem como contrapartida o aumento vertiginoso das injustiças, da exclusão e da fome. Para facilitar a dominação do capital mundializado, procura-se enfraquecer o Estado, flexibilizar as legislações e privatizar os setores rentáveis dos bens públicos.

O Brasil sob o governo de Fernando Henrique Cardoso embarcou alegremente neste barco a ponto de no final de seu mandato quase afundar o Brasil. Para dar certo, ele postulou uma população menor do que aquela existente. Cresceu a multidão dos excluidos. Os pequenos ensaios de inclusão foram apenas ensaios para disfarçar as contradições inocultáveis.

Os portadores deste projeto são aqueles partidos ou coligações, encabeçados pelo PSDB que sempre estiveram no poder com seus fartos benesses. Este projeto prolonga a lógica do colonialismo, do neocolonialismo e do globocolonialismo pois sempre se atém aos ditames dos paises centrais.

José Serra, do PSDB, representa esse ideário. Por detrás dele estão o agrobusiness, o latifúndio tecnicamente moderno e ideologicamente retrógrado, parte da burguesia financeira e industrial. É o núcleo central do velho Brasil das elites que precisamos vencer pois elas sempre procuram abortar a chance de um Brasil moderno com uma democracia inclusiva.

O outro projeto é o da democracia social e popular do PT. Sua base social é o povo organizado e todos aqueles que pela vida afora se empenharam por um outro Brasil. Este projeto se constrói de baixo para cima e de dentro para fora. Que forjar uma nação autônoma, capaz de democratizar a cidadania, mobilizar a sociedade e o Estado para erradicar, a curto prazo, a fome e a pobreza, garantir um desenvolvimento social includente que diminua as desigualdades. Esse projeto quer um Brasil aberto ao diálogo com todos, visa a integração continental e pratica uma política externa autônoma, fundada no ganha-ganha e não na truculência do mais forte.

Ora, o governo Lula deu corpo a este projeto. Produziu uma inclusão social de mais de 30 milhões e uma diminuição do fosso entre ricos e pobres nunca assistido em nossa história. Representou em termos políticos uma revolução social de cunho popular pois deu novo rumo ao nosso destino. Essa virada deve ser mantida pois faz bem a todos, principalmente às grandes maiorias, pois lhes devolveu a dignidade negada.

Dilma Rousseff se propõe garantir e aprofundar a continuidade deste projeto que deu certo. Muito foi feito, mas muito falta ainda por fazer, pois a chaga social dura já há séculos e sangra.

É aquí que entra a missão de Marina Silva com seus cerca de vinte milhões de votos. Ela mostrou que há uma faceta significativa do eleitorado que quer enriquecer o projeto da democracia social e popular. Esta precisa assumir estrategicamente a questão da natureza, impedir sua devastação pelas monoculturas, ensaiar uma nova benevolência para com a Mãe Terra. Marina em sua campanha lançou esse programa. Seguramente se inclinará para o lado de onde veio, o PT, que ajudou a construir e agora a enriquecer. Cabe ao PT escutar esta voz que vem das ruas e com humildade saber abrir-se ao ambiental proposto por Marina Silva.

Sonhamos com uma democracia social, popular e ecológica que reconcilie ser humano e natureza para garantir um futuro comum feliz para nós e para a humanidade que nos olha cheia de esperança.

(*) Leonardo Boff é teólogo

1 de outubro de 2010

2 motivos para votar na Dilma

Primeiro motivo





Segundo motivo