7 de março de 2010

Piracicaba - parte 5

O imigrante, a cana e a industrialização.


O fator inicial da implantação de indústrias em Piracicaba foi à proximidade da matéria-prima, seja da cana-de-açúcar, no caso das usinas, ou do algodão, utilizado na fabrica de tecidos Santa Francisca. Mas foi com a chegada do imigrante europeu que se desencadearam as maiores transformações no futuro desenvolvimento fabril de Piracicaba.

Já em 1870, Pedro Krahenbuhl funda uma fábrica de “trolleys” e tílburis, tida como a primeira grande indústria metalúrgica do Estado, com cerca de 40 operários e que atendia o mercado consumir paulista. Outros exemplos são a fábrica de arados de João Martins, de 1900, e a funilaria e caldeiraria Vesúvio, criada em 1907 por Vitório Furlani.

Entretanto, os primeiros empreendimentos industriais do município se desenvolveram em um período pouco favorável do país, dominado político e economicamente pela elite cafeeira, o que resultou no fechamento da maioria dos empreendimentos, como a fábrica de Pedro Krahenbuhl, que apesar da importância, não teve condições de se adaptar ao advento dos veículos a motor.

Até 1920 as indústrias locais eram caracterizadas por pequenos e médios estabelecimentos, não essencialmente ligadas à cana-de-açúcar, visto a importância do café, deixando como legado ao desenvolvimento do município a experiência técnica e profissional de uma mão-de-obra adaptada ao trabalho fabril, além do exemplo de iniciativa empresarial

Foi justamente nas décadas de 1920-30 que a iniciativa empresarial e o conhecimento técnico do imigrante iriam resultar num grande desenvolvimento industrial em Piracicaba, possibilitado por alterações na conjuntura política e econômica nacional e mundial.

O principal marco do início desse desenvolvimento municipal foi a instalação, em 1920, de uma oficina de consertos e reparos de peças para usinas e engenhos de açúcar, criada por Mario Dedini, imigrante italiano que trabalhará em uma usina da região. Esse empreendimento deu origem a um complexo mecânico – metalúrgico voltado para o equipamento e manutenção das novas usinas.

A conjuntura economia e política nacional e mundial favoreceu enormemente o empreendimento de Mario Dedini nas décadas seguintes, pois foram marcadas pela atuação do I.A.A na substituição dos antigos engenhos pelas modernas usinas de açúcar e destilarias de álcool, as quais já contavam com a fabricação de equipamentos e peças nacionais. Em 1932, o grupo Dedini equipa totalmente a usina Boa Vista, construída em Iracemápolis pelos irmãos Ometto, e em 1946, associados a esses empresários, os Dedini equipam e participam da sociedade que daria origem a Usina da Barra, então maior usina paulista.

Após o termino da 2ª Guerra Mundial o território paulista vivenciou uma grande expansão da cana-de-açúcar para regiões mais a oeste, cujos novos canaviais já nasciam ligados a modernas usinas. As empresas de Mario Dedini se tornavam os grandes fabricantes e fornecedores nacionais de máquinas e equipamentos, sendo, inclusive, embriões de novos firmas do setor, criadas por antigos funcionários, como a Santin S.A. (1948), a Mario Antoni Metalúrgica Ltda (1952), e a Motocana S.A. Máquinas e Implementos Agrícolas (1959).

A fabricação de peças de reposição e equipamentos para as indústrias de açúcar, álcool e aguardente marcaram a gênese do setor mecânico e metalúrgico de Piracicaba, sob o pioneirismo do grupo Dedini e de outros empresários, mas posteriormente os mesmo grupos iriam diversificar a produção de suas fábricas, acompanhando e buscando atender a demanda de diversos novos setores em crescimento da indústria paulista e nacional.