6 de março de 2010

Piracicaba - parte 4

A cana-de-açúcar na primeira metade do século XX


A produção brasileira de açúcar viveu um novo impulso durante os anos da 1ª Guerra Mundial, que prejudicou a produção de açúcar de beterraba na Europa. No entanto, o açúcar nacional não podia competir com a produção de Cuba, que possuía o monopólio de fornecimento do importante mercado norte-americano.

A produção brasileira e mundial, em crescimento durante a guerra, sofreu um grande abalo nos anos seguintes ao término do conflito, com a retomada da produção européia. Em 1929, a Liga das Nações tentou resolver a questão, limitando a produção, mas a reduzida representatividade dos produtores na liga impediram o sucesso da medida.

Em 1937 teve inicio o regime de cotas imposto pela Conferência Internacional do Açúcar, realizado em Londres; coube ao Brasil uma participação reduzida no mercado internacional.

Em São Paulo, a cana começou a recuperar importância econômica frente ao café em meados da década de 1920, prejudicando o açúcar nordestino. A crise de superprodução do final da década afetou enormemente o país, que viu o crescimento da intervenção estatal no planejamento e desenvolvimento futuro da produção de açúcar.

Em 1933 o Estado institui a obrigatoriedade da mistura de 5% de álcool anidro na gasolina importada, aumentando o mercado consumidor. As usinas também foram obrigadas a depositar 10% da produção de açúcar em armazéns controlados pelo governo, que buscava regularizar o preço do produto e evitar especulações.

Além dessas medidas, a Comissão de Defesa da Produção do Açúcar e a Comissão de Estudos sobre o álcool-motor se fundem, na criação do Instituto do Açúcar e do Álcool – I.A.A., que buscaria o equilibro entre a safra e o consumo de açúcar, e estimulava o uso álcool anidro como combustível.

O I.A.A. criou cotas de produção para as usinas, considerando a capacidade de produção das mesmas; a criação de novas usinas também passava a necessitar de aprovação do instituto, que exigia que se comprovasse a existência de matéria-prima não processada na região do futuro empreendimento.

A concentração de terras e da produção de açúcar nas usinas foi combatida pelo Estatuto da Lavoura Canavieira em 1947, que estabelecia um limite de 60% da produção própria de cana no abastecimento de matéria prima das usinas, limitando a expansão das mesmas sobre os pequenos e médios agricultores.

Apesar de sempre combatido pelos usineiros paulista, que criticavam a política do instituto de assegurar mercado interno à produção nordestina, menos dinâmica, o I.A.A. conseguiu estabilizar a produção nacional de açúcar, que continuava a crescer juntamente com o aumento do consumo, especialmente no centro-sul.

Em Piracicaba o instituo não passou despercebido, resultando em alguns anos de estagnação da produção. No entanto, apoiados na justificativa da disponibilidade de matéria-prima não industrializada na região, empresários locais obtiveram autorização para a instalação de três novas usinas: a união de Pedro Ometto, usineiro de Araras, e o industrial Mario Dedini deu origem a Usina Costa Pinto (1936); o mesmo empresário, junto a proprietários rurais do município instalaram a Usina Modelo de Açúcar e Álcool (1946); e a tradicional família de agricultores Brunelli foi responsável pela instalação da Usina Santo Antonio (1952).

Somadas as já existentes (Engenho Central e Engenho Monte Alegre) as 5 grandes usinas piracicabanas superaram em muito a produção de todos os antigos engenhos do município. Entretanto, Piracicaba não acompanhou o crescimento da produção de açúcar estadual, que avançava por novas áreas a oeste, como a região de Ribeirão Preto, onde se localiza o município de Sertãozinho.