5 de março de 2010

Piracicaba - parte 2

A onda do café


A conjuntura internacional desfavorável para o açúcar e os crescentes ganhos obtidos com a exportação do café provocaram grandes transformações no território paulista. Já em 1850-51 a exportação de café superou a do açúcar, que na década seguinte passaria a ser importado para atender o consumo local.

Segundo diversos estudos, o café se expandiu na província de São Paulo a partir do Vale do Paraíba, penetrando rapidamente em direção ao Oeste, região que apresentava condições mais propicias ao seu cultivo (fertilidade da terra e clima). Na região central da província, Campinas logo se transformou no maior centro cafeicultor do país.

Piracicaba não ficou imune ao declínio açucareiro e ao avanço do café, mas ao contrario de outras localidades, a substituição de um produto por outro nunca foi total.A partir de 1866 o café se torna à cultura de maior importância, predominando em 70 fazendas do município, contra 18 propriedades ligadas exclusivamente aos engenhos de açúcar.

A importância do café na economia piracicaba e paulista continuaria a crescer consideravelmente até 1929, no entanto, mesmo durante a predominância dessa cultura, Piracicaba manteve sua importância como centro açucareiro. Na virada do século, Piracicaba e Capivari eram os maiores produtores de açúcar da província, com Santa Bárbara liderando em aguardente, comprovando a importância do setor na região.

Tal como ocorreu em boa parte do território paulista, o café deixou um legado importante para o desenvolvimento econômico futuro, com a implantação das ferrovias e a chegada de imigrantes europeus, utilizados como mão-de-obra assalariada nas fazendas.


O algodão


Além da cultura do café, a predominância da atividade sucroalcooleira em Piracicaba também foi ameaçada, por um breve período, pelo algodão e a indústria têxtil. Entre 1860 e 1870, a Guerra de Secessão americana provocou o desabastecimento de matéria-prima nas indústrias têxteis européias, incentivando o cultivo e as exportações brasileiras.

O breve ciclo do algodão provocou um surto industrial importante nas cidades da região; em Piracicaba surge a fábrica de tecidos Santa Francisca, conhecida posteriormente como Cia Agrícola e Industrial Boyes, instalada às margens do salto do Piracicaba, o qual era utilizado na geração de energia.

O restabelecimento da produção americana, com o fim da guerra, comprometeu os mercados internacionais do algodão brasileiro, resultando numa drástica redução da produção, o que terminou por afetar o funcionamento das industrias têxteis regionais.


Considerações sobre o desenvolvimento de Piracicaba até o início do século XX


A cultura da cana e a produção de açúcar, e por um período mais breve a lavoura do café, foram os fatores principais de desenvolvimento do município no Século XIX e início do século XX. No entanto, durante os momentos de decadência dessas atividades econômicas, Piracicaba não sofreu, ao contrário de outros povoamentos paulistas, um processo de esvaziamento (como as cidades mortas após a queda do café), pois o município nunca foi totalmente monocultor, sendo abastecido de gêneros alimentares pelas próprias fazendas e pequenas propriedades presentes nas áreas mais afastadas.

Até 1935, Piracicaba passa por um intenso processo de retalhamento da posse da terra, com o crescente predomínio da pequena propriedade, que praticavam a policultura para atender o mercado local, conseqüência imediata da implementação do trabalho assalariado e de núcleos de imigrantes. A coexistência da produção açucareira, cafeeira, e das pequenas propriedades, pode ser entendido se considerarmos a grande extensão territorial do município.

Outro fator importante desse período histórico para o desenvolvimento futuro do município foi a sua localização geográfica em relação aos principais meios de transporte da época, as ferrovias. Piracicaba estava ligado a Jundiaí por um ramal da linha da Cia. Paulista , e a Cia. Sorocabana avançou apenas até São Pedro, o que caracterizou Piracicaba, historicamente, como “fim de linha” das ferrovias, não consolidando no município, mais uma vez na história, um papel de ligação entre o leste e as novas áreas povoados do oeste.