2 de julho de 2010

São os deuses do futebol...

Holanda, sempre Holanda, o futebol bonito, mas que não vence. Provavelmente a seleção mais injustiçada em Copas do Mundo.

A lendária “laranja mecânica”, tão inovadora no esquema tático, foi derrotada na final da Copa de 1974 pela sempre pragmática Alemanha. Quatro anos depois a história se repetiu, mas os carrascos da final foram argentinos, generais, políticos e jogadores.

Vale lembrar que os brasileiros também eliminaram os holandeses por duas vezes em Copas do Mundo: em 94, com uma vitória por 3 a 2, com um gol inesquecível de falta batida por Branco; e na de 98, nos pênaltis defendidos por Taffarel, após empate em 1 a 1.

Após a trágica eliminação da seleção brasileira de 82 o futebol mudou muito, com técnicos mais preocupados em não tomar gol e esquemas táticos tão amarrados que fazem o futebol atual dar sono, cujos exemplos não faltaram nessa copa, empolgante, com raras exceções, apenas pelo som das vuvuzelas.

O time holandês foi um dos poucos que manteve vivo o futebol arte, aquele que se preocupa mais em atacar do que defender. Assim, desde que ficou definido o confronto entre Brasil e Holanda a opinião geral era unânime: o Brasil é favorito, pois quem tenta jogar de “igual para igual” com nossa seleção sempre perde.

O primeiro tempo do jogo confirmou as previsões, apresentou futebol fácil da seleção canarinho, que parecia ter a partida na mão após o gol de Robinho. Mas o futebol não é uma ciência exata.

Quiseram os deuses do futebol que 2010 ficasse marcado como um ano onde o futebol arte seria também o futebol vencedor. O sucesso do time do Santos no primeiro semestre parece não ter sido suficiente para que percebêssemos esses sinais.

O primeiro gol da Holanda veio de surpresa, em uma confusão na área brasileira. O jogo mudou completamente, coisas do futebol. O segundo gol holandês não demorou a ocorrer, e junto com a expulsão de um jogador brasileiro, a partida parecia decidida, nos restando torcer por um milagre.

Muitos comentaristas vão procurar culpados, crucificar o técnico Dunga pela não convocação de algum jogador, justamente ele que na manhã do jogo possuía grande aprovação da população segundo uma pesquisa de opinião. Ou criticar o Felipe Melo, pela expulsão e o gol contra, mas o fato é que a seleção brasileira foi quase perfeita, perfeita naquilo que se entende hoje como futebol, com mais volantes do que atacantes, preocupado com a defesa, não com o ataque.

Felizmente para o futebol, infelizmente para o Brasil, isso não foi o bastante.