13 de setembro de 2010

Jornal de Piracicaba

Para quem perdeu, os textos publicados no JP


dia 01/09 (A provocação)

"Democracia?

Desde que me lembro escuto suas críticas ao Lula. Críticas essas, movidas por uma raiva a qual nunca desejei compartilhar. Entretanto, Lula acabou sendo eleito presidente, logo depois de um certo sociólogo que terminou seu governo com uma péssima avaliação. Quase oito anos depois, Lula é aprovado pela maior parte da população, apresenta bons resultados na economia e talvez eleja sua ex-ministra como sucessora. Mas você, que sentia aversão ao Lula, agora dirige sua raiva a essa candidata, que como gosta de lembrar, seria “Terrorista”. Posso estar enganado, mas a história nos conta que foram os militares que acabaram com a democracia, sequestrando, estuprando e assassinando aqueles que discordavam. Dilma e tantos outros que resistiram ao golpe deveriam ser considerados heróis nacionais, não terroristas, a não ser que você prefira defender o regime militar. Nesse caso, talvez você estivesse passando sua manhã sem precisar ler essa carta, sem passar raiva com a aprovação popular do governo Lula, ou com as pesquisas que mostram Dilma liderando; no entanto, depois não me venha com aquele seu discurso hipócrita de Democracia. Para encerrar, por favor, vá tratar de sua raiva, não deve fazer bem à saúde."


Dia 04/09 (O radicalismo é do lado de lá)


"Resposta

Bastante curiosa a resposta do leitor Paulo Nogueira Liborio à minha carta publicada no dia 01/09. Nosso colega traça um perfil da minha pessoa com a mesma precisão com a qual um certo astrólogo garantia, ainda no início do ano, a vitória do candidato oposicionista em outubro. Da minha parte, pretendo me centralizar no debate das ideias, não na vida pessoal daqueles que discordam do que penso. Entretanto, seus argumentos são bastante compreensíveis e quem dera seu candidato apresentasse, na televisão, suas opiniões com tamanha clareza, em vez de alisar constantemente um presidente que tanto criticava. Minha carta se dirigia a pessoas que, como parece ser o caso, entendem que o presidente Lula só tem boa aprovação em grupos menos favorecidos, pobres e analfabetos, ou pior, aqueles que foram “vacinados” para defenderem desde cedo um certo partido. Assim, segundo esses termos, que não são somente de nosso colega, mas de muitos outros, Lula teria uma boa aprovação pela ignorância da maior parte da população. Claro, essa constatação nunca se transformou em alguma postura prática, como questionar o grupo político que comanda a educação pública de nosso estado há quase 16 anos, mas serve para justificar o porquê de a maior parte da população ter uma opinião diferente da sua. Parecem ignorar que o presidente é aprovado pela maioria em todos os grupos das pesquisas, ricos ou pobres. Pessoalmente, prefiro acreditar na inteligência do nosso povo, na real democracia, na qual o peso do voto do analfabeto vale sim o mesmo que o de um bacharel. De forma sincera, acredito que a população vote por questões mais simples, como a sensação de bem estar e otimismo que domina nosso país nos últimos anos. Por fim, é claro que tenho críticas ao governo, mas em outros termos, jamais baseadas no preconceito contra as camadas mais pobres da população, ou na raiva daqueles que pensam diferente. Foram a essas criticas que minha carta estava direcionada."