12 de maio de 2011

Voltamos

Quando os fogos de artifício anunciaram a entrada do time em campo, nós, que mal havíamos conseguido chegar aos portões do estádio devido às filas, mal imaginávamos as dificuldades que à noite ainda nos reservava. A torcida estava em festa, acesso garantido, melhor campanha, final em casa, Barão lotado.

O jogo começou nervoso, com muitos erros de passe. O primeiro gol adversário, em uma falha difícil de entender do goleiro quinzista, fez com que muitos recordassem de decepções recentes. Superado o baque inicial, voltamos a cantar, incentivar, fazer nossa parte. A expulsão do jogador adversário nos favoreceu e logo arrancamos o empate; torcida, jogadores, todos vibravam, o Barão pulsava. Empate não é vitória, mas a noite era de festa, e a torcida fazia uma bonita, porém precipitada “Ola”, quando o pior aconteceu, e nosso time foi para o intervalo atrás no marcador. Em um segundo tempo repleto de chances perdidas, sofrimento e angustia, conseguimos empatar jogo, levando a decisão para a prorrogação, e logo para os pênaltis.

Para muitos, decisão nos pênaltis é uma loteria, mas para os goleiros, é uma grande oportunidade. Nosso bom goleiro não perdeu a oportunidade, fechou o gol, se redimiu da falha no primeiro gol adversário, e se juntou ao grupo de heróis que já vestiram nosso manto sagrado.

Nesse momento, de puro êxtase para os torcedores, muita coisa se passava pelas nossas cabeças. Sabemos que a vida do torcedor de futebol não é fácil. Derrotas, manobras políticas, tapetões, erros grosseiros da arbitragem, horários esdrúxulos, gols perdidos, banheiros sujos, cambistas, flanelinhas, filas para tudo. Mas a maior parte de nós continua, persiste, comemora as vitórias, aprecia o bom futebol, e principalmente, acompanha o seu time do coração sempre, na primeira ou na última divisão, na conquista ou na perda, na vitória fácil ou na derrota sofrida.

O verdadeiro torcedor não precisa de muito para continuar torcendo, basta que nossos jogadores mostrem garra, vontade de vencer, honrem a camisa. No entanto, os times mais queridos, com torcidas vibrantes, também podem passar por momentos difíceis, anos de vacas magras, problemas financeiros, derrotas, quedas. Muitos não aguentam, param de frequentar o estádio, guardam as camisas e bandeira no fundo do armário, dizem não se importar mais com futebol. Alguns, inclusive, trocam de lado, se acomodam na tranquilidade de torcer por um time da capital, ou pior, passam a simpatizar com alguma nova força do futebol, algum time de empresários, totalmente sem tradição ou história, mas com recursos financeiros que qualquer time do interior sonharia possuir. Que torcedor quinzista não se lembra, poucos anos atrás, da sensação de torcer por um time que poucos prazeres podia proporcionar, além do simples fato de estar ali, acompanhando seu time, tentando ajudar, torcendo, deixando claro para diretores, jogadores, empresários, para quem quer que fosse, que bastava um sinal, bastava a esperança aparecer, que nós estaríamos ali, prontos, para fazer o que fosse possível.

Esse sinal veio, aqueles que sobreviveram notaram a diferença. Aos poucos a alegria foi voltando, de vitória em vitória, a empolgação aumentando. A torcida empurra o time, o time empurra a torcida, futebol sempre foi assim, com planejamento, com técnica, mas principalmente, com emoção. Nós sobrevivemos, nós lutamos, nós voltamos, somos campeões.