22 de dezembro de 2009

Notas sobre o início do século XXI

Ao contrário do que disseram (e desejaram) certos pensadores, a história não acabou no fim do século XX.

Com a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética, defensores da “ordem capitalista liberal” de todo o mundo poderiam dormir sossegados: Cuba não poderia se manter sem o apoio soviético; as passeatas estudantis logo derrubariam os comunistas chineses; e as novas democracias burguesas garantiriam a legitimidade e a perpetuação no poder das elites latino americanas.

No entanto, não podemos ignorar que, ao contrário do que imaginam esses pensadores, o mundo não é o “ideal liberal” de suas teses, a história é feita por homens, e esses não se enquadram plenamente em seus planos cartesianos.

Quando Hugo Chávez foi eleito pela primeira vez, em 1998, o continente ainda era comandado por líderes liberais, como FHC, no Brasil, e Menen, na Argentina; mas nos anos seguintes o panorama mudaria com a vitória de lideres populares, geralmente identificados com o ideal “nacional-desenvolvimentista, como Lula, Rafael Correa, Evo Morales, Tabaré Vázquez, Daniel Ortega e Nestor Kirchner. A história não havia acabado na América Latina.

Cuba comemorou 50 anos de sua Revolução em 2009, vinte anos após a queda do muro. A China, comandada pelo Partido Comunista, é o país que mais cresce no mundo, desafiando a hegemonia econômica americana.

A crise financeira de 2008, intensa especialmente nas regiões que mais incorporaram as idéias neoliberais, provou que o mercado não é a solução para todos os males, e que o capitalismo real ainda é à base da sociedade, ou seja, são as indústria, não os bancos, que impulsionam o sistema.

As novas experiências latino americanas e o desenvolvimento chinês destacam-se nesse início de século como objetos de estudo e atenção para aqueles que ainda buscam a mudança. Enquanto que o método marxista, tantas vezes “superado”, ainda parece o mais adequado para o entendimento de um mundo em constante transformação.